Por Débora Duboc
Foto Ricardo Stuckert
Hoje tivemos um encontro com Lula.
Pediram que eu fizesse uma fala, eu sabia que estaria muito emocionada e resolvi escrever, para não me perder e foi isso que eu lhe disse, acredito que dando voz a muitas pessoas:
“Amado Lula, Presidente do nosso coração.
Eu gostaria que você tivesse a dimensão da participação dos artistas na luta pela Democracia e por Lula Livre. Tivemos grandes eventos, como o Festival Lula Livre, mas diariamente milhares de artistas por todo o pais faziam ações por sua justa liberdade.
Eu mesma participei de um Núcleo do Teatro pela Democracia e Lula Livre, e em vários dias da semana, íamos para a rua, éramos várias artistas na fila dos remédios no HC, no Anhangabau, no Minhocão, e com pranchetas, papéis e canetas perguntávamos para pessoas se elas queriam escrever uma carta para o Lula. Foi uma experiencia sensacional. Vimos muitas palavras de indignação por sua injusta prisão e ouvimos frases de gratidão por terem vivido nos Governos Populares um País da Oportunidade, que celebrava a Diferença, a Prosperidade, a Alegria. Muitas cartas foram ditadas e confesso que tivemos uma escuta que se emocionava a cada palavra de encanto pela constatação da real possibilidade de um outro Brasil. Batizamos essa ação de Central de Cartas Lula Livre, em referência ao filme Central do Brasil, em que nossa Matriarca Fernanda Montenegro, faz a personagem Dora, uma professora aposentada que trabalha como escritora de cartas para pessoas analfabetas. Essa ação acabou acontecendo em todo país.
E nós, todas as semanas, levávamos essas cartas até o Instituto Lula porque queríamos a certeza de que elas chegariam até você.
Os artistas encontraram nesse Governo Genocida a perseguição e a perversidade em nosso dia dia, fomos castigados também pela pandemia, porque fomos os primeiros a parar de trabalhar e seremos os últimos a voltar. E mesmo com tantas adversidades, como a personagem Hamlet, estamos prontos. Queremos enfrentar a Cultura da Violência, Fascista que quer distruir o encanto, a beleza, a riqueza de nosso povo e país.
Lula você sonhava com 3 refeições na mesa de todos os brasileiros e brasileiras, e conseguiu esse fenômeno.
Eu gostaria agora de sonhar com 4 Refeições, e essa quarta refeição é a Arte e a Cultura que vai alimentar a Alma Brasileira.
A Educação ela pode ser opressora, autoritária, mas se ela estiver aliada a arte e a cultura, ela será Libertária. Quem leu O Rei da Vela de Oswald de Andrade ou assistiu a peça, será outra pessoa.
A Arte é um passaporte muito rápido para a compreensão do mundo através de outras perspectivas. Ela rapidamente traz elementos que constroem um pensamento crítico, libertário, uma inteligência sensível, solidária.
Lula, você foi um exemplo para todos nós com a sua coragem e fé no nosso Brasil. Seguíamos as tuas leituras no Cárcere e aprendíamos como a riqueza da literatura te trazia transformação e saude mental. Muitas pessoas foram ler A Elite do Atraso, do Jessé de Souza, porque você estava lendo e entenderam o que significa a Escravidão como estrutura perversa das relações no Brasil.
Queremos um país que as pessoas possam sim ter sua geladeira, seu liquidificador, é digno, mas que tenham pulsando forte em seus corações o desejo por um bom livro, o desejo de irem ao Teatro, de fazerem também arte, música, o desejo de terem um pensamento livre, que não caia mais no conto de golpes e de genocidas.
Temos um Patrimônio dentro da Cinemateca e ele tem que chegar às pessoas. Somos nós nas telas.
Eu, aliás, acho que falo por muitos, sonhamos por um pacto nacional pela Educação e pela Arte.
Carlito Maiá dizia: “Não precisamos de muita coisa, apenas uns dos outros.”
Viva a Alma Brasileira, Vivam os Artistas, o Conhecimento, a Arte! Viva Lula que É Livre”.
Jane Duboc é atriz