Um comentário, nada feliz, do Otávio Guedes, nesta terça feira (30), no jornal matutino da Globo, me fez refletir sobre o pensamento político brasileiro. O comentarista comparou (mesmo dizendo que iria comparar alhos com bugalhos) a farra dos guardanapos do Cabral com a festa do Cláudio Castro.
Convenhamos que foi uma análise que beirou o ridículo. Entretanto, algo que poderia ser analisado, Guedes não o fez: o escárnio e a desfaçatez dos nossos governantes (festeiros e não festeiros). Nossos políticos mantêm a mesma cara de pau ao cometerem milhões de safadezas e continuam (com desculpas esfarrapadas) na mesma toada, pois nutrem a certeza de que nada disso fará diferença.
Não é o caso de culpabilizar a população, dizendo que não sabem votar, pois, isso ocorre em escala global (EUA, Itália, Holanda pra falar em poucos casos) e nos levaria a concluir que o mundo não sabe escolher seus governantes. Não é disso que se trata, o fato é que na política (e aqui pode ser até um pouco pior, claro) o esquecimento é previsível, pois o descaso com a política no mundo todo está cada vez mais crescente e os políticos de ocasião/situação/de plantão vivem esta farra com guardanapos em Paris ou em Itaipava. O que nos aguarda?
Marcos Silva é professor da UFRJ