Apenas um em cada três entubados por Covid consegue sobreviver

Por Simão Zygband

Foto: Prensa Latina

 

Somente um em cada três pacientes do Covid-19 entubados em unidades de terapia intensivas no país consegue sobreviver. Os dados são do projeto UTIs Brasileiras da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), conforme revelou reportagem do Correio Brasiliense.

Outros números do mesmo projeto mostram que mais de 30% dos pacientes internados com Covid-19 não resistiram. A estatística fica ainda mais preocupante se analisados os casos que precisam do auxílio de ventilação mecânica para continuar respirando.

Nessa situação, 66,2% dos pacientes vieram a óbito. Mais alarmante ainda é que, mesmo após a alta hospitalar, 25% dos pacientes entubados morrem por sequelas. Mas, aferição mais recente mostra que este número de óbitos pode atingir até 80% dos pacientes. Caos total.

Balanço da vacinação contra Covid-19 realizada no ultimo domingo (11) aponta que 23.286.249 pessoas já receberam a primeira dose contra a Covid-19. O número representa 11% da população brasileira. A segunda dose já foi aplicada em 7.052.402 pessoas, ou 3,33% do total de brasileiros.

Não é necessário dizer da responsabilidade do (des) governo Bolsonaro para este quadro caótico de combate a Covid-19. Não fossem o trabalho insano dos heróis diários que literalmente se matam nos hospitais e pronto-socorros do Brasil afora, certamente estes números seriam ainda mais dramáticos. Já se articula, inclusive, uma CPI no Senado para apurar responsabilidades do presidente pela tragédia.
O Brasil já possui 353 mil mortos pela Covid-19. Atualmente, faltam vacinas, insumos, leitos e sobram desinformação, total desprepado para enfrentar a doença, subestimada e desdenhada pelo principal mandatário da República.

Assim, o país se tornou o primeiro onde mais se morre por Covid no mundo. Apesar de ter apenas 2,7% da população mundial, as mortes no Brasil representam 37% do total de óbitos registrados em todos os países. Há mais de uma semana o país registra em média, 3.100 mortes diárias.

“Só uma gripezinha”

Praticamente todas as famílias brasileiras já tiveram uma pessoa contaminada pela Covid-19. Já são mais de 13 milhões de infectados. Por absoluta negligência de Bolsonaro, o índice de letalidade é o maior do mundo. A Covid já matou todo tipo de cidadão, sobretudo os mais idosos, mas não poupou nenhuma classe social, apesar dos trabalhadores, que enfrentam transporte público e enfrentam dificuldades para realizar o distanciamento social,  serem os mais atingidos.

Um dos casos de letalidade pelo Covid foi do senador Major Olimpio (PSL-SP), um dos apoiadores de Bolsonaro que, até então, fazia coro com o capitão reformado contra o distanciamento social ou a qualquer tipo de confinamento. É importante relatar o caso de seu assessor, o jornalista Diego Freire, de 33 anos, que passou duas semanas entubado para tratamento intensivo contra o coronavírus.
Diego não sabia que o seu chefe e amigo, Major Olímpio, havia falecido. Este é alguns dos trechos de seu relato para a Folha de S.Paulo, depois de ser extubado e submetido a fisioterapia:
“Quando peguei (o Covid-19) , achei que seria só uma gripezinha. Mas foi piorando cada vez mais. Primeiro dia (2 de março), não senti nada. Segundo dia, senti uma febre. Terceiro dia, muita dor no corpo. Já, no quarto dia, a falta de ar foi apertando. Então, imaginava que seria só uma febre, uma dor no corpo. Mas foi piorando, piorando. Meu pulmão chegou a ficar 75% comprometido. Minha namorada (Claudia Freitas) me levou até o hospital —ela foi um anjo que me levou ao hospital, salvou minha vida. E lá falaram: “ele precisa ir para a UTI urgente”. A continuou: “Fiquei 14 dias intubado. Quando acordei, não falava. Meus braços não mexiam, minhas pernas não mexiam. Nenhuma parte do meu corpo estava mexendo. Acordei bastante assustado. Pensei que tinha sido sequestrado, pensei que tinha acontecido algum mal comigo. Não acordei em sã consciência, acordei totalmente desnorteado”.

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