Por Simão Zygband
Não é a primeira tragédia ocorrida no Brasil que mostra que nem sempre as concessões à iniciativa privada são a solução para todos os problemas.
Os primeiros e mais graves foram os estouros das barragens da Vale do Rio Doce, que ocasionaram as tragédias de Mariana (2015) e Brumadinho (2019) que mataram respectivamente 19 e 37 mortos, com centenas de desaparecidos. Elas também haviam sido privatizadas.
Agora foi a tragédia na rodovia BR-376, na região de Guaratuba, no Paraná, que foi concedida à iniciativa privada e está literalmente desmanchando em decorrência das chuvas. Há suspeita que possam haver 30 mortos, segundo estimativas do Corpo de Bombeiros. A Defesa Civil disse que a rodovia deveria ter sido totalmente interditada, pois já se conheciam os riscos de escorregamento. A concessionária a liberou em meia pista, ocasionando as vítimas fatais.
A empresa Arteris iniciou o contrato em 2008 e tem a concessão até 2033. E as perguntas que ficam, além da cobrança dos pedágios por eles realizada: Não foram feitas vistorias para contenções? Não se anteciparam com as medições pluviométricas?
Agora, sem trégua das chuvas, pode desabar de vez.
De acordo com o coronel Fernando Raimundo Schuning, em coletiva de imprensa na última terça-feira (29), a Arteris, que administra a rodovia, sabia que o volume de chuva apresentava riscos para o tráfego na pista e a empresa conhecia os perigos. Estrada fechada não possibilita receita”É uma área de bastante vulnerabilidade técnica e necessita obras de contenção. Tanto que a concessionária estava fazendo obras, trabalhando nesse local, prevendo e sabendo do risco”, explicou.
A Defesa Civil do Paraná afirmou que a concessionária Arteris Litoral Sul sabia do risco na BR-376, em Guaratuba, onde um deslizamento arrastou 15 veículos e deixou ao menos duas pessoas mortas na noite de segunda-feira (28).
Especialistas afirmam que é necessário maior monitoramento para ‘antecipar situações’. BR-376 em Guaratuba (PR) está completamente interditada após deslizamentos de terra causados por chuva acima dos 100 milímetros em um dia.
De acordo com as autoridades, que atuam nas buscas no local, por causa da chuva intensa, o resgate se torna ainda mais difícil e o número de mortos e desaparecidos ainda é incerto.