A zombaria de conceder a Ordem do Mérito do Livro a um boçal

Diariamente o bolsonarismo se supera. Desta vez foi a concessão da Ordem do Mérito do Livro concedida pela Biblioteca Nacional a um anencéfalo, o truculento deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), apoiador do genocida Jair, cuja maior proeza literária foi ter quebrado em um comício a placa com o nome da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada junto com seu motorista, Anderson Gomes, em uma emboscada supostamente realizada por ex-policiais militares ligados às milícias cariocas.

A lógica dos fascistas é justamente esta. Desqualificar tudo o que se refira a Cultura. Dar uma láurea literária a um “gorila” como o tal Daniel Silveira é ridicularizar todos aqueles que lutam por uma vida cultural plena, por mais livros, mais filmes, mais teatro, mais artes em geral. Além da frequente demonstração de forças e estupidez, o deputado (eleito por uma turba de desequilibrados como ele) foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF)  pelos crimes de tentativa de impedir o livre exercício dos poderes e coação em processo judicial a oito anos e nove meses de reclusão, inicialmente, em regime fechado. Ele cumpre a pena em liberdade, mediante uso de tornozeleira, e geralmente volta a vociferar contra a Justiça. O suposto presidente da República, o genocida, iria lhe conceder o perdão presidencial.

Daniel Silveira era acusado pela Procuradoria Geral da República (PGR) pelos crimes de coação (uso de força) no curso de um processo judicial, incitação à animosidade entre as Forças Armadas e o STF e por tentativa de impedir o livre exercício dos Poderes da União. Os crimes, segundo a denúncia, aconteceram entre 2020 e 2021 quando ele divulgou vídeos em redes sociais atacando o STF, defendendo uma intervenção militar e ofendendo pessoalmente membros da Corte.

 

Nazistas queimaram livros em praças públicas

Conceder uma honraria a Daniel Silveira equivale ao ato realizado pelos nazistas alemães, seguidores de Adolph Hitler, que no dia 10 de maio de 1933 realizaram em várias cidades a queima de montanhas de livros de críticos do regime, ato que marcou o auge da perseguição aos intelectuais, principalmente aos filósofos. Em toda a Alemanha, principalmente nas localidades que possuíam as maiores universidades, montanhas de livros arderam em chamas em praça pública. Hitler e seus seguidores pretendiam realizar uma “limpeza” na literatura e da academia Alemã.

O Nazismo sustentava a tese de “Alta Cultura” e “Arte Degenerada”. Para o partido, a Alemanha precisava passar por uma limpeza cultural e o Estado deveria prover os novos métodos de se fazer arte. As vítimas dessa perseguição foram escolhidas rapidamente. Cientistas, escritores, pintores e escultores geniais, muitos deles judeus, tiveram que fugir do país para não serem mortos ou linchados e muitas de suas obras foram destruídas, assim como suas reputações. Nada muito diferente de dar uma láurea a um adversário da Cultura, avesso à leitura.

Ao conceder a Honra ao brucutu Daniel Silveira, pelo menos dois escritores anunciaram que se recusam a receber a medalha de Ordem do Mérito do Livro, concedida pela Biblioteca Nacional. Marco Lucchesi e Antônio Carlos Secchin são imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL). Lucchesi gravou um vídeo para justificar seu posicionamento e ainda reforçou pelo Twitter:

“Convidado a receber a medalha da Biblioteca Nacional, e estando longe do país, acabo de saber que a mesma medalha será destinada, dentre outros, ao presidente da república e a alguns de seus mais fiéis seguidores. Por isso mesmo, não tenho condições de recebê-la”, escreveu. “Se eu aceitasse a medalha seria referendar Bolsonaro, que disse preferir um clube ou estande de tiro a uma biblioteca. Agradeço, mas não posso aceitar”, acrescentou.

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