Com toda a sinceridade

Por Milton Pereira

É difícil acreditar que quase metade do eleitorado brasileiro seja, em sua totalidade, a favor da tortura, da ditadura, do estupro, do extermínio de adversários políticos. Ou que sejam todos eles racistas, machistas, homofóbicos, violentos – em suma, nazifascistas.

Também reconheço que, entre eles, haja policiais torturadores, patrões escravistas, agressores e assassinos de mulheres, militares reacionários, religiosos fundamentalistas etc. Estes sim, os eleitores que se sentem plenamente representados pelo nazifascismo.
No entanto, o que dizer de amigos e parentes próximos que nunca demonstraram essas ideias e práticas anti-humanitárias e, sabendo o que Bolsonaro defende e a tragédia que pode gerar um governo nazifascista, ainda assim o apoiam?

Será que o ódio ao PT (e à esquerda) justifica que, de forma totalmente irresponsável, entreguem o nosso país a um candidato truculento, bronco e ignorante, que não apresenta nada de positivo, que em 30 anos como deputado federal só teve dois projetos aprovados (sem relevância, diga-se de passagem) e só se destacou como parlamentar por suas ideias nazifascistas)?

O que leva advogados e juristas – que juraram defender a Constituição e o Estado Democrático de Direito – a se envolverem com uma candidatura que nega tudo isso e faz apologia ao regime de exceção?

O que faz com que médicos – que fizeram o juramento de Hipócrates – apoiem um candidato que debochadamente defende o sofrimento e a morte de seus oponentes e da população?

O que faz com que educadores – que prometeram, no desempenho de suas funções, transmitir lealdade, integridade, honestidade, ensinos humanos e científicos para que façam dos jovens cidadãos conscientes, responsáveis e inteligentes – defendam um sistema que é contra a cultura e a educação?

Em qual parte do Evangelho os cristãos se fundamentam para votar em um candidato que prega explicitamente o ódio e a intolerância e até mesmo a morte de seus oponentes?

É essa a avaliação de devemos fazer, de forma consciente, para refletir sobre o que está ocorrendo nestas eleições: uma vingança contra o PT não pode ser mais forte do que o futuro de nosso país, de nossa sociedade, de nossos filhos e netos. É disso que se trata esse segundo turno no país.

Se cometermos a inconsequência de elegermos o nazifascismo, não seremos perdoados pela História, pelas futuras gerações, por nossos filhos e por nossos netos.

Mas, isso, só depende de nós. Ainda dá tempo!

Milton Pereira é  jornalista, artista plástico e músico.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *