Por Renata Corrêa*
Coletivo de Mulheres Poetas de Niterói surge de maneira miúda, com pequenos gestos. Uma mulher que convida a outra. Uma mulher que reconhece na outra uma poeta, uma igual, com a mesma potência de dizer a palavra. E de uma que chama a outra, que por sua vez chama outra, até que ao nos olharmos, vemos que já somos tantas.
A formação do Coletivo nunca teve por objetivo criar um espaço para declamarmos nossos poemas. Para isso já tínhamos e ainda temos nossos Saraus. O Coletivo surge com dois objetivos. O primeiro: buscar as vozes das mulheres caladas ou apagadas na História da Literatura Nacional. Nossas escritoras e poetas ancestrais. Aquelas que nos precederam. São muitas, maravilhosas e nos fazem ter orgulho de sermos mulheres e poetas. O segundo objetivo, tão importante quanto o primeiro, é ser espaço de acolhimento, voz e luta para TODAS as mulheres, poetas ou não.
O Coletivo nasce feminista, antirracista e antifascista. Nasce plural, disposto a lutar junto a todos, todas e todes contra as injustiças e as desigualdades sociais.
É assim que no mês de novembro de 2020, este ano absurdamente difícil, o Coletivo de Mulheres Poetas de Niterói faz uma chamada pública a todas as mulheres, poetas ou não, para unir suas vozes no Movimento de 21 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher.
Chamado atendido. Dezenas de mulheres enviam vídeos em que recitam poemas e se manifestam contra os altos índices de diversos tipos de violência sofridos por todas nós. O resultado deste trabalho pode ser conferido no Instagram do Coletivo (@coletivodemulherespoetas).
Foi lindo, foi forte, foi intenso, duro e necessário, como o é o tema tratado. Assim quando chega ao nosso conhecimento a chamada aberta para a publicação da coleção: “Quem dera o sangue fosse só menstruação”, a impressão que temos é que um livro organizado a partir dos poemas selecionados para o Movimento dos 21 dias se encaixaria perfeitamente na proposta.
É, portanto, este livro que temos o prazer de fazer chegar às suas mãos. Um livro concebido, gestado e gerado por mulheres em estado de luta. Que com suas dores parem também esperança de que o mundo que deixaremos para as vozes-mulheres-futuras, será um mundo menos perverso do que o mundo em que nascemos e crescemos.
Link da Benfeitoria na Bio da nossa página
@coletivodemulherespoetas
- Renata Corrêa é professora, poeta e ativista cultural.