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Clima de terror na Baixada Fluminense. Três vereadores assassinados

Por Simão Zygband

Charge de J.Bosco

O Brasil de Bolsonaro se tornou terra de ninguém. Já são 26 parlamentares executados no estado do Rio de Janeiro desde 2018. Justamente ele que se elegeu como quem iria combater a criminalidade e a corrupção.

Hoje foi assassinado o terceiro vereador este ano em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Alexsandro Silva Faria, o Sandro do Sindicato, foi abatido a tiros de fuzil. Com ele, já são 26 parlamentares executados no estado do Rio de Janeiro desde 2018. A suspeita é que a maioria deles tenham sido praticados por milícias. 

Elas se tornaram ainda mais conhecidas pelo envolvimento da família do presidente (sic) Jair Bolsonaro com este tipo de criminoso. Já foram até homenageados pelo clã presidencial. Há muita gente que ainda supõe benéfica a ação destes marginais, pois acreditam que eles “combatem” a criminalidade. 

Para quem não sabe, segundo a Wikipédia, milícia “designa um modus operandi de organizações criminosas, formadas em comunidade urbanas de baixa renda, como conjuntos habitacionais e favelas, que a princípio efetuam práticas ilegais sob a alegação de combater o narcotráfico. Tais grupos se mantém com recursos financeiros provenientes de extorsão da população e da exploração clandestina de gás, TV a cabo, máquinas de caça-níqueis, agiotagem, ágio sobre venda de imóveis etc”.

O Brasil de Bolsonaro tornou-se assim uma terra de ninguém. Justamente ele que se elegeu passando a imagem de que, sendo militar, iria combater a criminalidade e a corrupção. Colocaram a raposa no galinheiro.

Duque de Caxias, onde o capitão reformado obteve 68,79% dos votos, contra 31,21% de Fernando Haddad, do PT era um dos exemplos de como poderia haver combate à criminalidade. Mas, muitos destes votos obtidos pelo capitão reformado, foram conquistados através da pressão realizada pelas milícias na comunidade. E ai daquele que votasse contra o “capitão”.

Claro que todos temem as milícias, que se formaram à sombra da inexistência da presença do Estado. Desde Leonel Brizola, sempre a política teve que negociar inicialmente com o narcotráfico e mais recentemente com as milícias, que extorquem, inclusive, os traficantes. 

A questão da segurança não é tema fácil para nenhum governo. É urgente combater com mais rigor a criminalidade, mas necessariamente terá que haver um projeto de Estado e não apenas de Governo. Países como o México e a Colômbia, onde o narcotráfico ainda domina boa parte de muitas cidades, ainda não conseguiram encontrar uma solução para o problema.

No entanto, o Brasil também se tornou um paraíso das máfias milicianas. Uma cidade como Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, teve três vereadores assassinados desde o início de 2021. Possivelmente incomodavam os interesses das milícias. Este é o mais provável motivo para as execuções. 

Dentro deste quadro de violência, uma destemida jornalista tem se destacado. Trata-se de Cecília Oliveira, que atua como pesquisadora e desenvolveu a plataforma de dados sobre violência armada chamada Fogo Cruzado. As informações de violência, assassinatos e outros tipos de crime são manipuladas por esta entidade. Requer extrema coragem, num estado onde foi assassinada a sangue frio a vereadora Marielle Franco.

Outro assassinato há um mês

Há um mês, o vereador Joaquim José Santos Alexandre, o Quinzé, de 66 anos, foi assassinado a tiros quando saiu de seu carro para entrar na casa de uma pessoa que iria visitar em São João de Meriti. O autor dos disparos, que estava em um veículo, fugiu. Quinzé estava em seu terceiro mandato.

A morte do primeiro parlamentar este ano ocorreu em março. Danilo Francisco da Silva, o Danilo do Mercado (MDB), e o filho dele, Gabriel da Silva, foram assassinados a tiros no bairro Jardim Primavera. Investigações da Polícia Civil levantaram a suspeita de envolvimento do parlamentar com um grupo de extermínio.

A jornalista Cecília Oliveira

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