Construir Resistência
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Chega de impunidade!

Por Simão Zygband

 

 

Estava ouvindo a entrevista da jornalista Cristina Serra ontem no Quarentena News, mediada com brilhantismo pelo Jorge Antonio Barros,  quando lhe perguntaram se Jair Bolsonaro deveria ser preso.

Com toda a diplomacia que lhe é peculiar, Cristina Serra, com alguns anos de vivência no jornalismo politico, deu a resposta que deveria ser dada:

“Pelo conjunto da obra, tem tudo para responder pelos crimes que cometeu”.

É evidente que no nosso país, o histórico joga contra prisões de criminosos que se tornaram milionários e que possuem influência no Judiciário. Não temos exemplos na nossa história recente, de uns 50 anos para cá, de punição de crápulas. Muito mais fácil encarcerar pobres que cometeram delitos.

Qual brasileiro minimamente consciente não sentiu uma ponta de inveja ao assistir ao filme Argentina 1985, quando os nossos hermanos colocaram atrás das grades os oficiais que foram responsáveis pelas barbáries no país vizinho. O Brasil ainda padece (e muito) pela falta de coragem (ou condições políticas) de encarcerar os responsáveis pela ditadura militar. O governo de extrema direita que transformou em trevas os últimos quatro anos é também resultado desta covardia.

É muito difícil apostar que o genocida Bolsonaro vá para detrás das grades. Mas hoje se reúnem as melhores condições para isso. Não é segredo para ninguém que ele é responsável pela altíssima mortalidade da pandemia de Covid-19, pelo massacre dos indígenas Ianomamis, pelo desinvestimento nos programas sociais, pela volta da fome ao país, pelo incentivo ao uso das armas de fogo, por esquemas de propina dentro do seu governo, pela venda de ativos públicos a preços de banana e agora de contrabando de joias preciosas, possivelmente presenteadas pelos sheikes que adquiriram nossa refinaria de petróleo com excessivo deságio.

Acho que chegou a hora de botar os peixes graúdos atrás das grades, apesar do histórico não favorecer esta necessária medida. Muitas atrocidades já ficaram impunes: torturas de assassinatos da ditadura militar, Brumadinho, Boate Kiss, os barões do trabalho escravo e até os financiadores do recente vandalismo ocorrido no dia 8 de janeiro em Brasília. Por enquanto, só estão detidos os “manézinhos”, como bem os configura o jornalista gaúcho Moisés Mendes.

A mais nova aberração foi a condenação da advogada Bruna Mendes dos Santos Morato, que havia denunciado os desmandos da Clínica Prevent Sênior, que a CPI da Pandemia classificou como criminosos. Os denunciados pelos crimes ao Ministério Público são três donos e executivos da clínica e mais 18 médicos impunes até hoje. Mas Bruna já foi condenada por injúria. Ou seja, se puniu a acusadora, enquanto os acusados estão livres, com força para punir a advogada.

Mas, a maior aberração foi a prisão ilegal do atual presidente Luis Inácio Lula da Silva, que amargou 580 dias de prisão arbitrária, movida exatamente pelo sistema que hoje facilita a não punição dos responsáveis pelos mais variados delitos.

Chega de impunidade!

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