Por Adriana do Amaral
Nota oficial de uma admiradora
Tudo que li me irrita quando eu ouço Rita Lee
Carlos Leminski
Desde quinta-feira (20), quando eu li que você tinha câncer, Rita, me revoltei. Como assim? Chorei até secar a alma, mentalizei melhoras. (In)conformei-me.
Pensei em escrever uma crônica a respeito, mas voltei atrás. Seria oportuno? Tal o personagem da #EscolinhadoProfessorRaimundo, refleti: Por que sim? Por que não?
Escrevi. Não uma crônica, mas uma carta. Talvez eu faça uma petição pública.
Boralá assinar um abaixo assinado a Deus para revogar esse diagnóstico? Pedir a Virgem Maria que interceda pela saúde da nossa Rita, que não é santa. TksGod!
Ainda menina, copiei aquele coração pintado na face e cantei a canção do Festival de 1967, Domingo no Parque. Eu tinha cinco anos e só mais tarde fui capaz de entender a letra.
No primeiro show, adolescente, vi aquela mulher magérrima cantando Saúde, sem parar um segundo. Quanta energia!
Mais tarde, tantas coisas bacanas de se viver… E quem era aquele gato ao lado dela?
Rita também me ensinou que tutti-frutti era muito mais do que sabor de chiclete, mas de banda; com ela descobri o que era um lança-perfume. sem ao mesmo sentir o cheiro -do barato proibido. Aprendi que ser mutante é o melhor caminho, que o sexo frágil é mesmo o forte, que toda mulher quer ser amada, mas também pode ser chata.
Principalmente, que legal, mesmo, era ser #ovelhanegra, e fui ser gauche nessa vida. Em São Paulo, inspirada na melhor tradução da cidade, me perco e me encontro nas esquinas das ruas além da Ipiranga e São João.
Confesso que circulei pela Praça Vilaboim, em São Paulo pensando em, talvez, quem sabe, cruzar com você, quando em quando… Não consegui. Mas você está sempre aqui, perto, prá mim.
Na #pandemia da #Covid-19 cantei e cantei, emocionada: a gente não consegue ficar indiferente debaixo desse céu. Versos tão atuais de “Lá vou eu” nesse #isolamentosocial.
Aquela moça rebelde foi amadurecendo, inclusive declarando que os pesos a mais a tornaram mais gostosa. Os cabelos vermelhos se embranqueceram, Rita foi avançando na idade e se transformando numa Rita ainda mais intrigante. Nem sempre concordamos, mas a vida é uma eterna dialética, não é mesmo?
Rita refugiou-se. Hoje fala apenas quando quer e para quem quer. Justíssimo.
Que bom, Rita, que você redescobriu outros modos de vida e jeitos de viver -bem- a vida… Com os bichos, a natureza, seus livros, seus filmes, suas canções, seu amigos! E o Roberto sempre ao seu lado.
Ah, Roberto (de Carvalho), o “moço da bonito”, que divide a banheira de espuma, as vida, as canções, que bom que você continua juntinho, ajudando Rita a cuidar mais de si. O casal 20 menos improvável que se mostrou eterno.
Câncer no Pulmão, Rita?
Não!
Sabemos da letalidade dessa doença, perdi uma grande amiga assim. Felizmente, o diagnóstico é precoce e a medicina avança na terapêutica.
Nem se atreva a nos deixar, Rita. Você é daquela que vai morrer igual passarinho: de velhice, dormindo, quietinha, discretamente, cantando suavemente.
Enquanto isso, vamos todos cuidar de você. Ainda que à distância, nesse mundo virtual, pois energia é vital!
Enquanto você, você continua viva e cheia de graça. Continua fazendo a gente feliz, Rita!
#saúdeRitaLee
Crédito da foto: Reprodução/Instagram
Resposta de 0
Muito amor a essa pessoa chamada Rita Lee. Sua carta linda também
Vamos fazer esse amor chegar até a Rita, Thelma!
Gratidão pela leitura atenta, e por estar com o Construir Resistência.