Por Carlos Monteiro
Vem chegando o verão. Ao que tudo indica, neste ano tão atípico, bypassará a ‘Prima Vera’, chegará-chegando mais caliente que nunca.
Às 5h30 de hoje, por exemplo, os termômetros já andavam pela casa dos 24 graus. Tudo caminha meio esquisito, tudo marcha meio soturno neste 2021, o ano que parece não estar existindo novamente, mesmo com a sensação de que o “vai passar” já passou.
Sol a pino, calor a toda, sinônimo de que, mais uma vez, haverá praias cheias, falta de respeito, insensatez, descumprimento de regras básicas já que querem desobrigar as máscaras em locais abertos…
Em 1987 o Verão foi “da lata”, este parece que será do “vira-lata”. A pergunta é sempre a mesma: O que será que andam tramando nas alcovas contra acidade? O que será que andam combinando no breu das tocas, na calada da noite, aglomerados inocentemente (SQN) no Leblon, falando alto pelos botecos?
Que será que anda nas cabeças, anda nas bocas para vilipendiarem com tanto prazer a Cidade Maravilhosa. Nada mudou com a promessa de um novo governo. Nem o samba escapou… nem o samba. E aí seu Zé, se acabarem com seu Carnaval? Você, carioca, merece? Você merece lutar pela xepa da feira e dizer “muito-obrigado”?
Será, que será, que está na natureza? No balé das fragatas que, hoje mais do que nunca – até elas – se aglomeraram na apresentação de quarta-feira sobre a Guanabara, cheias de açúcar e afeto, como se hoje fosse cinzas de um vindouro amanhã.
O que será este verão porvir? Continuaremos a ver que não tem certeza nem nunca terá, que não há governo nem nunca terá, que não tem vergonha nem nunca terá, que não há juízo? Hoje Dia Mundial da Ciência – 24 de novembro -, o negacionismo continua, a vacina no braço e cuidados básicos ficam de lado. Viva a ciência, viva as “Dalcomos” da vida!
O que virá, o que verão seus cidadãos? Rogarão ao Padre Eterno que, encimando o Corcovado, abençoa o Rio? “…E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá/Olhando aquele inferno vai abençoar/O que não tem governo nem nunca terá/O que não tem vergonha nem nunca terá/O que não tem juízo O que não tem medida, nem nunca terá…”
O que não tem remédio, nem nunca terá? Não! O Rio tem remédio sim.
Porque “…Onde queres revólver, sou coqueiro/E onde queres dinheiro, sou paixão/Onde queres descanso, sou desejo/E onde sou só desejo, queres não…”
Ah, bruta flor do querer!
Ah, bruta flor, bruta flor! Viver e não ter a vergonha de ser feliz!
Sob composições de Chico Buarque – “O que será? (À flor da terra) (À flor da pele)”. “O que é, o que é” e “Comportamento Geral” de Gonzaguinha e “Quereres” de Caetano Veloso.
Carlos Monteiro é jornalista e fotógrafo