Por Luiz Eduardo Rezende
Frederik Wassef, advogado da família Bolsonaro e do Queiroz, conseguiu na Justiça a liberação da madeira extraída irregularmente da floresta Amazônica, apreendida pela polícia federal durante a gestão do ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente.
Trata-se da maior apreensão de madeira irregular da história, retirada para ser vendida no exterior, com o conhecimento e a anuência de Salles. Os madeireiros que lucram barbaridades com essa atividade estão rindo de orelha a orelha. Não se sabe o motivo, mas a Justiça acaba de premiar a fraude, a ilegalidade, e a estimular a devastação da floresta.
Esse tipo de decisão torna o Brasil ainda mais desmoralizado no exterior. O Fundo Amazônico foi cortado e muitos países estão deixando de investir aqui por causa da política de destruição do meio ambiente praticada pelo governo Bolsonaro. O país perde milhões de dólares por ano porque não preserva a floresta amazônica.
Não preservar é uma coisa, mas destruir o meio ambiente e liberar madeira ilegal apreendida é outra muito mais grave. Faz lembrar a máxima: o que acontece no Brasil só fraude explica.
PODEMOS OU NÃO PODEMOS?
A candidatura de Sérgio Moro no Podemos foi da euforia à frustração em pouco tempo. Os integrantes do partido, principalmente candidatos a governadores ao parlamento nos estados, acreditaram que Moro ia disparar nas pesquisas e se firmar como representante da terceira via, o que significaria a eleição de uma forte bancada na Câmara dos Deputados e também uma participação expressiva do partido nas assembleias legislativas.
Aos poucos, a candidatura foi esmaecendo, empacou em torno dos dois dígitos e o sonho de desbancar a polarização Lula-Bolsonaro se mostrou inviável. Começaram, então, as manifestações de insatisfação, que rapidamente se transformaram numa espécie de rebelião.
Especialmente no nordeste, muitos defendem a renúncia do ex-ministro e o apoio do Podemos ao ex-presidente Lula.
A crise chegou a tal ponto que Moro já está pensando em sair do Podemos e se filiar ao União Brasil, o novo partido resultante da fusão do DEM com o PSL.
TAREFA INGRATA
O marqueteiro João Santana, aquele mesmo que transformou Lula de político radical em Lulinha Paz e Amor, não está mais prestando serviços ao PT. Agora livre, depois de preso por envolvimento em várias maracutaias, volta à cena com uma tarefa bem difícil: transformar Ciro Gomes, o coronel de Sobral, de raivoso em rebelde.
A marca de Ciro Gomes sempre foi a beligerância. Ele não sobrevive politicamente sem um inimigo para atacar. E ataca com violência, com palavras duras, às vezes até ofendendo. Agora mesmo, depois de mirar em Lula e Bolsonaro, apontou suas baterias para Sérgio Moro, que lhe tomou o terceiro lugar nas pesquisas e o possível favoritismo para ser a terceira via na eleição do ano que vem.
No PDT tem gente defendendo a desistência de Ciro, mas a direção do partido pelo menos por enquanto não pensa assim. Manteve a candidatura e está à procura de um vice para compor a chapa. A primeira opção foi Marina Silva, da Rede, mas ela pelo menos publicamente sequer respondeu ao convite.
A primeira e principal missão de João Santana nessa pré-campanha será conter os arroubos de Ciro Gomes, a violência do discurso contra os adversários. Caso contrário ninguém com representatividade vai querer compor essa chapa e se submeter aos caprichos do candidato.
Tarefa difícil João Santana, muito difícil.
DELÍCIAS DO PODER
O poder inebria e também engana. Muitas vezes quem ocupa se sente dono do mundo, esquecendo que as homenagens, os puxa-saquismos, são para o ocupante do cargo e não para a pessoa. Isso certamente está acontecendo com os militares que cercam o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto.
Todos acham que podem se candidatar e se eleger para cargos majoritários. O general Braga Neto quer ser vice de Bolsonaro, disputa a indicação com a ministra Teresa Cristina. Os também generais Heleno e Pazzuello pretendem ser candidatos a governador ou a senador. E o vice Mourão tem pretensão de ser senador ou governador.
Esses militares são tão sem noção de política que definiram os cargos que desejam ocupar, mas não sabem por qual estado se candidatarão. Bolsonaro, que não é amigo de ninguém, deixa que sonhem. Se ganharem, ótimo. Se perderem, não fará a menor diferença para ele.
O único general que o presidente não gostaria de ver no Congresso Nacional é Santos Cruz, que saiu do governo atirando e se tornou um ferrenho opositor de Bolsonaro.
Mas tudo indica que desse mal o presidente não morre, não!
AVENTUREIROS DO IPIRANGA
Jair Bolsonaro tem São Paulo atravessado na garganta. Os principais candidatos ao governo do estado são de oposição a ele. Logo no maior colégio eleitoral do país. Haddad, Márcio França e Dória certamente vão detonar o governo federal na campanha, principalmente em relação ao negacionismo do presidente.
Precisando desesperadamente de um palanque Bolsonaro convenceu o ministro Tarcísio Gomes de Freitas a ser candidato a governador e está quase convencendo o ex-ministro Ricardo Salles a ser vice. Para completar a chapa, convidou a ministra Damares Alves, aquela que disse ter visto Jesus Cristo na goiabeira, para ser candidata ao senado.
Bolsonaro sabe que essa chapa não tem a menor chance de ganhar. E também que tanto Tarcísio quanto Salles poderiam ser eleitos deputados federais. Mas cobrou fidelidade aos dois.
Quem tem amigo assim, não precisa de inimigo.
SEM VACINA NÃO TEM BOLA
A Austrália mostrou que é um país sério e não permitiu que o tenista número um do mundo, Novac Djokovic, participasse do maior torneio promovido pelo país porque não estava vacinado. O governo francês também já avisou que sem vacina não joga Roland Garros. E o principal patrocinador do tenista anunciou que está decidindo se cancela o patrocínio.
Olhem só que prejuízo o negacionismo provoca. Se ganhasse o Aberto da Austrália, o que seria muito provável, Djokovic ganharia só de prêmio pouco mais de R$ 17 milhões. Premiação muito semelhante à do Aberto da França, o charmoso Roland Garros. É claro que o tenista é milionário, não precisa desse dinheiro para viver. Mas ninguém, nem ele, gostaria de jogar fora uma grana dessa.
Ridicularizado no mundo inteiro, o tenista passou a ser chamado nas redes sociais de Djokovid. Dizem que como resposta ele afirmou: me chamem pelo primeiro nome, sou No Vac!!!
Luiz Eduardo Rezende é jornalista com passagem pelos jornais O Dia e O Globo.
Este artigo foi originalmente publicado na página Quarentena News.
Ele não representa necessariamente a opinião do Construir Resistência
FOTOS:
Wassef, o advogado dos Bolsonaro, trabalha também para as madeireiras
Sérgio Moro: permanência no Podemos faz água (AFP)
João Santana: ex-Lula agora é Ciro (site Disparada)
Bolsonaro na sombra (Mateus Bonomi)
Tarcísio Freitas, que vai se candidatar ao governo paulista, a mando de Bolsonaro (IG)
Djokovic, que perdeu R$ 17 milhões por não ter podido participar do Australia Open