Por Jorge Antonio Barros
Compartilhado do Quarentena News
Em seu discurso no ato de filiação do PL, neste domingo, o presidente Bolsonaro disse que as eleições de 2022 não serão uma “luta de esquerda contra direita”, mas uma “luta de bem contra o mal”. Esse é o auge da apropriação de um discurso religioso para falar diretamente aos supostos cristãos que o apoiam. É um discurso de raciocínio curto, acrítico, com pouquíssima capacidade de discernir a realidade brasileira. Típico de um presidente que sequer é capaz de discernir a liturgia do cargo.
Não tenho a menor ideia a que bem Bolsonaro está se referindo, mas quanto ao “mal”, não tenho a menor dúvida. O discurso revela um ato falho da comunicação de Bolsonaro. Sem qualquer exagero, ele é a própria personificação do “mal” na política, como jamais vi em mais de 40 anos de observação da vida pública nacional e outros tantos de leitura e de consumo de produções culturais. Bolsonaro não tem o menor respeito pelo Brasil e pelos brasileiros de bem.
Bolsonaro é o MAL da ética na política, onde manipula todos as peças no tabuleiro para esconder a corrupção que é praticada em seu governo.
Bolsonaro é o MAL que, por meio de mentiras e meias-verdades, corrói a confiança dos brasileiros na capacidade do Brasil de superar seus principais problemas.
Bolsonaro é o MAL para a democracia, diante de suas declarações estapafúrdias, defendendo voto impresso e atacando os poderes da República, que funcionam como peso e contrapeso.
Bolsonaro é o MAL que ataca a imprensa profissional e tenta destruir sua credibilidade, ofendendo jornalistas, sobretudo do sexo feminino.
Bolsonaro é o MAL na defesa e na proteção dos direitos fundamentais, sobretudo no Brasil.
Bolsonaro é o MAL que destrói nosso meio ambiente.
Bolsonaro é o MAL que devastou a cultura brasileira, não só cortando verbas para o setor, como defendendo a volta da censura.
Bolsonaro é o MAL da ciência, ao demitir cientistas e enfraquecer a voz deles no combate genuíno à pandemia de Covid.
Bolsonaro é o MAL da gestão que emperrou o enfrentamento à Covid-19, diante do descontrole do Ministério da Saúde na aquisição de vacinas e na opção pelo negacionismo, tratando uma doença grave como uma “gripezinha”, debochando inclusive das vítimas da pandemia.
Bolsonaro é o MAL que devastou nossas instituições e transformou a Presidência da República num clube privado, voltado para seus próprios interesses e de seus filhos.
Bolsonaro é o MAL que desrespeita as minorias, ofende mulheres, negros, homossexuais.
Bolsonaro é o MAL para os povos indígenas, que estão sendo atacados à luz do dia por garimpeiros e grileiros.
Bolsonaro é o MAL do estado laico, ao ignorar a separação entre igreja e estado, e usar o nome de Deus para angariar apoio e votos dos menos esclarecidos.
Bolsonaro é o MAL que dividiu a igreja evangélica, em troca de dinheiro público e um naco de poder.
Bolsonaro é o MAL que dividiu os quartéis, com seu saudosismo da ditadura militar e seus “heróis” que empregavam a tortura como arma de guerra.
Bolsonaro é o MAL na defesa e da proteção da vida, ao promover a liberação indiscriminada do uso de armas de fogo.
Bolsonaro é o MAL da segurança pública, pois o tema no qual se apresentou como especialista, revelou-se um verdadeiro fracasso com a ausência de políticas públicas eficientes para a redução da criminalidade no país.
Bolsonaro é o MAL da paz no Leste Europeu, ao defender a neutralidade no conflito Rússia-Ucrânia e manifestar apoio ao presidente Putin em visita à Rússia, uma semana antes do início da guerra.
Se eu esqueci de algum outro MAL causado por Bolsonaro, que você considera relevante, por favor escreva na caixa de comentários. #politica
Jorge Antonio Barros é jornalista com passagem pelo Jornal do Brasil, O Dia e O Globo. Editor do Quarentena News.