Bolsonaro deixará pacificamente o poder nas eleições de 2022?

Bolsonaro deixará pacificamente o poder nas eleições de 2022

por Simão Zygband

 

Quando parte do eleitorado optou em 2018 por eleger Jair Bolsonaro (PSL) como presidente da República, mal imaginava ele que o ex-deputado federal e capitão reformado do Exército tinha em mente um projeto de perpetuação no poder.

É inegável que o atual presidente (eleito com artifícios da modernidade do domínio das redes sociais e também da grande mídia privada), também contou com inegável apoio de um eleitorado, que comprou com facilidade o antipetismo exacerbado (o PT se tornou um praticamente um pária da sociedade). 

Mas, como todo bom soldado, Bolsonaro seguiu a risca os mandamentos daqueles que efetivamente custearam a sua ascensão à presidência: o poder econômico dos bancos, indústrias e mídia hegemônica – contando com a importante colaboração de um Legislativo e Judiciário no mínimo conivente. Há suspeitas de que serviços de inteligência norte-americanos tenham atuado na construção do golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff, que desembocou na eleição do atual governo autoritário.

Bolsonaro, apesar de parecer um desqualificado para o cargo, ao menos aos olhos de seus financiadores produziu tudo aquilo que eles almejavam. Talvez isso explique a dificuldade de tirá-lo do poder antes mesmo das eleições de 2022, já que motivos para isso não faltam.

O então presidente da República ajudou a construir como parlamentar do baixo clero da Câmara Federal, o golpe contra Dilma Rousseff, votou pelo seu afastamento (elogiando naquele episódio o torturador Brilhante Ustra – o que já lhe valeria um pedido de prisão pelo crime de apologia à tortura) e seguiu a risca a cartilha que seus financiadores, contribuindo para liquidar os direitos trabalhistas e impondo uma cruel reforma da Previdência que inviabilizará a aposentadoria de milhões de brasileiros.

 

Custo Bolsonaro

 

Recentemente circulou pelas redes sociais um vídeo denominado “Custo Bolsonaro”, que é a síntese do atual momento, dentro da mais profunda crise econômica, sanitária, política, moral que o Brasil já atravessou.  “Você sabe o que é o Custo Bolsonaro”, pergunta o narrador. “No fundo você já sabe. Ele está na alta do preço da gasolina e está na queda das ações da Petrobras. É a volta da fome do povo e do medo do empresário. O Custo Bolsonaro é o caso no país e o vexame do exterior”.

E prossegue: “É ter a moeda que mais desvalorizou no mundo e a pior gestão da pandemia. O Custo Bolsonaro é a fuga dos investidores internacionais. E não dá para culpá-los. Pense bem: Você confiaria seu dinheiro a esta equipe? (aparecem os rostos de Damares, Mourão, Pazuello, Salles, Guedes  etc).

“Custo Bolsonaro é perder a confiança da China por causa do filho do presidente e perder a confiança dos EUA por causa de mentiras de Whatsapp. É fechar as portas para a União Européia e vira as costas para o Mercosul. É o prejuízo por esperar por vacina e pagar por cloroquina. O Brasil é cheio de recursos, talentos e oportunidades, mas com o Custo Bolsonaro, a conta não fecha”.     

Bem, mesmo diante de tamanho descontrole político, social, sanitário e financeiro, que tem ocasionado verdadeiro pânico nas famílias brasileiras, aterrorizadas pelos equívocos e negligência no combate à pandemia (que já ocasionaram cerca de 260 mil mortes) e na falta de ações contra a crise econômica (que geraram um desemprego galopante, com fechamento de milhares de empresas, incluindo a montadora Ford) e a inexistência de um auxílio emergencial , claro que o país caminha para uma convulsão social, que já está nas ruas na forma do aumento da violência e da criminalidade.

Este tenebroso quadro significa que Bolsonaro será derrotado nas eleições de 2022? Recentes pesquisas mostram que a queda de popularidade do atual mandatário está em queda e já se antevê uma suposta derrota, assim como ocorreu na Argentina, no Equador e até nos Estados Unidos, onde o aliado do bolsonarismo, Donald Trump, também foi enxotado do poder.

Diante da situação política, claro que é possível uma derrota de Bolsonaro em 2022. Além de todos os fatores, as forças políticas de direita que o elegeram começam a se dispensar e já existe uma oposição ao bolsonarismo entre os conservadores. De fato, o atual presidente é um andor pesado de carregar. Isso proporciona uma chance a um candidato no campo progressista que, necessariamente , deverá ter o apoio do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, caso ele mesmo não possa ser candidato.

Mas Bolsonaro não é um político tradicional. Já se prepara desde sempre para se manter no poder e evitar a sua saída. Para isso, recheou o seu governo com nada menos que 11 mil militares, que estão praticamente em todas as pastas ministeriais, seja no primeiro ou no segundo escalão. Também facilitou a aquisição e importação de armamentos, com as quais eles têm grande familiaridade.

Mais surpreendente ainda foi a aquisição de uma mansão cinematográfica em área nobre de Brasília, adquirida pelo filho primogênito do clã, o senador Flávio Bolsonaro (PSL/RJ), pela quantia de r$ 6 milhões, pago em dinheiro, que demonstra a intenção deles todos de se perpetuarem no poder.

A pergunta que não quer calar: caso derrotado, Bolsonaro deixará pacificamente o poder?

   

Crédito da foto: Instagram de Jair Bolsonaro

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