Por Daniel da Costa
Bolsonaro/Guedes destruíram o maior e mais eficiente programa de distribuição de renda do mundo, reconhecido por todos os especialistas internacionais: o Bolsa Família.
Um programa integrado em si: o benefício que era recebido pela mãe de família, com o direito ao seu recebimento condicionado ao acompanhamento, por parte da mãe, das vacinações da criança, como também de suas matrículas na escola.
Mas o Bolsa Família era também um projeto que se integrava ao projeto político mais amplo de desenvolvimento do país do Partido dos Trabalhadores.
Ou seja, o Bolsa Família, com o passar do tempo, além de ir aumentando o valor, na medida em que o país fosse se desenvolvendo social e economicamente, ia sendo cancelado pelas mães de família, por conta de sua melhora econômica, cultural, educacional e social.
Esse modelo de uso do poder político pelo Partido dos Trabalhadores visava, assim, o desenvolvimento do país e o cumprimento da Constituição Federal nos quesitos da ampliação dos direitos civis, educacionais, econômicos etc.
Neste modelo desenvolvimentista e defensor da soberania nacional do Partido dos Trabalhadores, com o estabelecimento paulatino, acompanhando o movimento de desenvolvimento do país, chegaríamos, como chegamos no governo Dilma, ao emprego pleno, numa taxa na época de 4,7%.
Para isso, havia sido necessário desenvolver a infraestrutura no país. Lula em seu governo, descobriu a maior reserva de petróleo do século XXI, o pré sal, cujos lucros seriam direcionados para a Educação (75%) e Saúde (25%). Lula e Dilma pensaram e agiram, quando de sua posse do poder político, fazendo desta mesma detenção do poder *um instrumento de justiça social*.
Isso foi algo tão inédito na história desse país, e quem conhece história da civilização e teoria política, inédito na história moderna desde Maquiavel, para quem o poder é algo *em si* e que visa sua perpetuação auto contida e ampliação em vista de si mesmo (levando-se em consideração as condições históricas e sociais específicas do Brasil).
Esse fator inédito no uso do poder por Lula e Dilma, que geraria maior consciência política, cultural e dignidade para o povo brasileiro, foi o que fez com que as oligarquias que compõem as quadrilhas históricas da rapina do orçamento público, que é o bolo e a cereja da riqueza nacional quantificados em dinheiro, (quadrilhas donas dos meios de comunicação, empresários traidores sem relação com a vida do país, ala do alto escalão do Judiciário e das Forças Armadas, e a ingerência golpista da rapina nacional e internacional do mercado), orquestrarem o golpe de 2016 levando o país ao retrocesso civilizatório, humano, ético, político, social … com Bolsonaro e sua gang de milicianos no poder.
A cada dia que passa, os cem anos de sigilo, que Bolsonaro impõe sobre suas falcatruas, não estão contendo a podridão do seu desgoverno, que sai pelas laterais, pelas rachaduras.
Como todo ditador desesperado, Bolsonaro só vê o que entorna o seu umbigo em vista da tentativa desesperada de se manter no poder, com imunidade para se safar da cadeia que virá.
Sem consciência social, histórica, desenraizado do povo brasileiro, Bolsonaro ama e adora o modelo de riqueza para poucos dos EUA: o American Dream para 30% de lá, o resto está na desgraça. E aqui, Bolsonaro faz um governo para apenas 15% da população brasileira, composta de 210 milhões de habitantes. Façam as contas!
Nesse sentido, Bolsonaro não tem qualquer problema de consciência ética em, depois de ter destruído o Bolsa Família, destruir toda a possível organização futura da economia brasileira.
E assim, Bolsonaro está agora, em pleno ano de eleições, propondo uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que aumenta de 400 para 600 reais o auxílio temporário, provisório, meramente eleitoreiro, que termina neste ano, chamado Auxílio Brasil, com o que Bolsonaro substituiu o programa Bolsa Família.
Somada a todas as outras ações meramente eleitoreiras de Bolsonaro de distribuição de dinheiro para os caminhoneiros em forma de “vales”, por exemplo, sem vínculo com um projeto maior de desenvolvimento do país e defesa da soberania nacional, e muito menos sem intenção de conter a alta dos preços e aumento da inflação, todas estas irresponsabilidades criminosas de Bolsonaro deixarão um rombo de 200 bilhões para o próximo governo.
Essa atitude desesperada e criminosa de Bolsonaro, em pleno ano eleitoral, só expressa o medo que esse aspirante a ditadorzinho tupiniquim tem de ser preso, ele, seus filhos milícianos e demais de sua gang da rapina.
A falta de consciência ética e de respeito à coisa pública por parte de Bolsonaro é condizente com sua ideia de um Brasil para apenas 15% da população. Nisso Bolsonaro é coerente consigo mesmo.
E nisso, todas as quadrilhas midiáticas, a começar com a Marinho da rede Globo de alienação, Frias dona da Folha de S.Paulo e do UOL, e Mesquita, dona do Estadão, que insistem em não vincular o nome de Bolsonaro à desgraça econômica atual (que está gerando lucro a estas quadrilhas), concordam com Bolsonaro. Essas quadrilhas chamam a desgraça econômica promovida por Bolsonaro de “pacote de bondades”.

Daniel da Costa é teólogo, doutor em filosofia e músico profissional