Por Simão Zygband
As TVs brasileiras enfrentam grave crise financeira. Justamente elas que ajudaram a eleger o bebê-diabo do fascismo, o inelegível Jair Bolsonaro. Agora pagam caro pela decisão política de terem apoiado um modelo de (des)governo concentrador de renda, que descapitalizou grande parte dos brasileiros, exatamente os consumidores.
Claro que as TVs também se mostram um modelo de negócio ultrapassado, um monstrengo que é comido pelas beiradas pelas redes sociais. Mas isso explica apenas parte da crise em que mergulharam as empresas de comunicação.
O apoio ao golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, às barbaridades jurídicas realizadas pelo ex-juiz Sérgio Moro na famigerada operação Lava Jato (Farsa a Jato para os íntimos), à estúpida prisão ilegal do principal nome da esquerda brasileira (e quiçá mundial), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre outras decisões políticas catastróficas, acabaram por arrebentar as TVs nacionais.
Os empresários de Comunicação apostaram tudo no dinheiro fácil proveniente das verbas do governo Bolsonaro, mas apostar em fascistas é igual a acreditar nas palavras de milícias e narcotraficantes. O ex-presidente (sic), agora inelegível, era um caso psiquiátrico e ciclotímico. Não se poderia apostar todas as fichas em algo tão desequilibrado. Enquanto o capitão literalmente colocava fogo no país, o jogando da sexta para a décima segunda maior economia do mundo, o mundo dos negócios refluiu a olhos vistos.
O Brasil só se tornou terreno fértil para negócios escusos, como matar indígenas para extrair ouro do território deles, tráfico de armas, de drogas e de todo tipo de especulação. Quem tinha dinheiro se deu bem com a tragédia bolsonarista: mão de obra praticamente escrava, vilipendiada em direitos trabalhistas, e negociações desiguais, com boa parte do mercado devedor e deficitário. Isso explica o boom imobiliário ocorrido nas grandes cidades, principalmente em São Paulo, onde as corporações compraram imóveis a preços de banana.
O mercado interno brasileiro sofreu como nunca. Supermercados populares viram suas receitas sumirem, o varejo enfrentou fortes dificuldades e muitas empresas literalmente quebraram, fecharam suas portas e deixaram de existir. Um exemplo de problemas com o consumidor, de classe B, C e D pode ser observado com o crash das Americanas (agravado por operações financeiras lesivas), com as dificuldades do Magazine Luiza e das Casas Bahia, entre outras.
Em geral, o bolsonarismo foi péssimo para os negócios e isso refletiu diretamente nos grandes grupos de Comunicação, sobretudo nas TVs, exatamente aqueles que deram a cara para apoiar o projeto extremista. Vivem também deste tipo de anunciante.
Onda de demissões
A TV Record, ligada à Igreja Universal do bispo Edir Macedo, uma das mais fervorosas apoiadora de Bolsonaro, registrou um prejuízo de R$ 517 milhões, um recorde histórico. Assim como a RedeTV, as TVs Bandeirantes e Gazeta, realizam uma verdadeira razia, com onda de demissões e cortes de gastos. O mesmo processo já ocorreu na Rede Globo. Para variar, o equivoco político e gerencial é pago pelos trabalhadores. Houve uma queda importante nas vendas de publicidade e aumento dos custos de produção das emissoras. Pagam o preço pelo apoio ao modelo hiper-concentrador de rendas e especulativo do bolsonarismo. As empresas recorreram ao envio de recursos para offshores em paraísos fiscais. Até o ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, possuía contas secretas no exterior avaliadas em U$ 10 milhões. Nem o gestor da política econômica apostava no Brasil.
O balanço da TV Record, por exemplo, mostra que ela aumentou suas receitas com publicidade em apenas R$ 6 milhões em 2022 (de R$ 2,008 bilhões para R$ 2,014 bilhões). Enquanto isso, os custos com operações, produções, vendas e administração, mais a equivalência financeira (ou seja, os prejuízos do Digimais e outras empresas controladas), subiram 39%, de R$ 1,842 bilhão para R$ 2,568 bilhões.
Nem Jesus na causa salva tantos equívocos políticos e financeiros de Edir Macedo.
Simão Zygband é jornalista profissional desde 1979. Trabalhou em TVs, rádios e jornais de São Paulo, onde foi respectivamente pauteiro, repórter e redator. Foi funcionário das TVs Bandeirantes, SBT, Gazeta, Record e dos jornais Notícias Populares, Diário Popular, Diário do Grande ABC , Diário do Comércio, entre outros. Foi coordenador de Comunicação no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (onde editou o Jornal Unidade) e redator do jornal Plataforma do Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Também fez assessoria de comunicação em campanhas eleitorais e mandatos parlamentares. Trabalhou na Comunicação de Secretaria Municipal de Transporte de São Paulo. Foi diretor da Rádio e TV Educativa do Paraná e Secretário Municipal de Comunicação da prefeitura de Jacareí, São Paulo.
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