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Bizarro e surreal, isso é Bolsonaro

Por Celina Cortês

Surreal. Foi essa a definição da Revista Time sobre a espantosa rotina de Bolsonaro em Orlando. Como se sabe, foi para lá que o capitão fugiu nos dois últimos dias de seu mandato para não passar a faixa a Lula. E para viajar de graça aos EUA nos aviões da FAB.

O mais influente semanário americano classifica a estadia como “um espetáculo bizarro, mesmo para um estado com uma longa história de refúgio para personagens excêntricos”.

Não ficam atrás, claro, os seguidores, que chegam, como pragas, muitos deles uniformizados de seleção brasileira de futebol. Messianicamente, levam, sorridentes, cestas de pão, flores e Nutella (para substituir o leite condensado).

A Time fez a pergunta que não quer calar: o que faz Bolsonaro na Flórida quando o Brasil está “enredado em turbulência”? A resposta do advogado é que seu cliente aguarda os “resultados desejados”.

Seriam recuperar o cargo ocupado por Lula?

Enquanto crescem as ações contra o capitão, sobretudo as ligadas ao genocídio Yanomami, ele anuncia sua volta ao país nas próximas semanas para ocupar o lugar vago de oposição. Quando até o PL, sua sigla, teme essa volta agora…

E se ele não avista oposição em vozes como a do senador Hamilton Mourão, sua turma já começa a fazer a cama para a sucessão à prefeitura de São Paulo. O mais cotado representante da direita – pasmem – é o incendiário Ricardo Salles, umbilicalmente ligado ao genocídio indígena.

Ontem mesmo circulou um abaixo-assinado contra Salles na presidência da comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Vereadores de SP. Seria o cúmulo da bizarrice!

 

Outros candidatos a prefeito da cidade são Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli. Ou seja, enquanto o mentor se esconde nos EUA, sua cria de cobras continua a correr atrás de espaços para a representatividade do extremismo de direita.

Na reportagem, a Time reconhece que a Flórida é um estado onde se conectam grupos de extrema-direita, como os de brasileiros. Tanto que Bolsonaro deve ter se sentido à vontade ao participar, na semana passada, de um evento organizado por defensores da invasão do Capitólio.

E ainda faturou um troco. Houve quem pagasse US$ 50 para ouvi-lo e vê-lo enrolado na bandeira brasileira (foto), entre fanáticos que rezavam e cantavam louvores.

Foi desse tipo de maluquice que acabamos de escapar. O perigo, contudo, continua a nos rondar.

Celina Cortês é jornalista e escritora

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