Assassinos de crianças e estupradores têm vida curta na cadeia

Por Simão Zygband

Fui repórter de polícia a contragosto. Exatamente por detestar a reportagem policial. Mas a vida às vezes te leva por caminhos que você não gostaria de trilhar, mas se vê obrigado pelas circunstâncias. Foi o caso da minha passagem como repórter do extinto jornal Notícia Populares, o tal “espreme que sai sangue”.

Nunca achei que crime deveria ter tanto destaque na mídia. Acaba incentivando assassinos, ladrões e estupradores. Mas, evidente, minha opinião foi vencida e o telejornalismo se tornou cada vez mais sensacionalista e o gosto de sangue e das notícias criminais acabaram inundando a mídia, caindo no (mau) gosto da população, inclusive a de elite. O povo gosta de tragédia para ter uma referência e pensar no seu inconsciente: “a minha vida está difícil, mas a deles, a dos mortos, dos assassinados, das vítimas de estupro, está pior”.

Deparo-me agora com mais uma chacina. Desta vez ela aconteceu em um bar na cidade de Sinop, no Mato Grosso, onde após perderem R$ 4 mil no jogo de sinuca, uma dupla de assassinos,  pertencentes a clubes de tiro e admiradores do genocida  Jair Bolsonaro, voltaram e executaram friamente 7 pessoas, inclusive uma criança de 12 anos. Ela ocorre semanas após a execução de 10 pessoas da mesma família em Brasília. Neste caso, os criminosos exterminaram suas vítimas para ficar com a posse de uma chácara que eles possuíam avaliada em R$ 2 milhões. O crime foi realizado com requintes de crueldade, inclusive com sequestro e cárcere privado das vítimas.

Claro que é uma simplificação dizer que os assassinos de Sinop eram bolsonaristas. O genocida que desgovernou o Brasil durante quatro anos era também um elemento que gostava e incentivava a crueldade, sobretudo a execução sumária. O próprio crápula, durante a campanha de sua eleição, disse inclusive em horário eleitoral, disse que “iria fuzilar a petralhada”. Óbvio que já deveria ter sido interditado pela Justiça Eleitoral que, mais uma  vez, fez vista grossa. Esta leniência do Judiciário em geral incentivou criminosos como os de Sinop e Brasília, só para citar dois exemplos recentes.
Há um delírio evidente de assassinos que acreditam que podem resolver suas pendências à bala, como se vivêssemos nos tempos do faroeste. As chacinas de Sinop e Brasília ocorreram por dinheiro, apesar de quantias desiguais. É o pensamento raso de mentes primitivas de que cometerão chacinas sem serem importunados. Acreditam em uma suposta impunidade.
Edgar Ricardo de Oliveira, que junto com outro ser desprezível, Ezequias Souza Ribeiro, matou sete pessoas e se entregou à Polícia Civil para tentar salvar a própria pele. Ele estava foragido desde terça-feira, quando ocorreu o crime. O seu cúmplice morreu em confronto com a Polícia Militar. Então o valentão se tornou corderinho e preferiu não ter o mesmo caminho que o seu comparsa.
Gostaria de lembrar ao sanguinário Edgar que assassinos de crianças e estupradores têm vida curta na prisão. O próprio mundo do crime não admite este ato bárbaro. Se não for colocado em cela separada, não sei o que será da vida dele. Vai ter que lutar muito pela própria existência na cadeia.
Como disse anteriormente, detesto a reportagem policial. Ela tem que ser encolhida na TVs e sites em governos democráticos. Crimes não devem ser evidenciados e sim evitados.
Mas a punição deve ser rigorosa.

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