As histórias do Raul Varassin

Não é porque sou do “Sem Dinheiro Luminoso” que não pago as promessas que faço. Uma delas era escrever mais um texto para o Construir Resistência.

Vou começar pela mais curta. O caso do delegado Sergio Paranhos Fleury, diretor geral do DOPS/SP – Delegacia de Ordem Politica e Social de São Paulo.

Até hoje não ficou esclarecido se foi acidente ou queima de arquivo a morte  de Fleury em Ilhabela. Isso porque ele era conhecedor de segredos  não só da esquerda como da direita.
Delegado truculento, torturador, suspeito de assassinatos. odiado em muitas áreas até por policiais, e amado nos círculos mais violentos do regime militar, Sergio Paranhos Fleury costumava passar os fins de semana, quando fazia bom tempo, na agradável Ilhabela a bordo do seu iate de 27 pés, regado a boas bebidas e boas meninas..
Acontece que no dia 1 de maio de l979, já no final da tarde, quando se preparava para voltar a São Sebastião, o delegado caiu no mar e morreu afogado. Muito embora fosse bom nadador e houvesse pessoas no barco que pudessem socorrê-lo.
Em seguida, a imprensa silenciou sobre o acidente e até hoje não houve conclusão das investigações sobre o caso.
Interferência na TV Cultura
A Fundação Padre Anchieta, que abriga a rádio e a televisão Cultura do Estado de São Paulo foi criada em l968 pelo governador Roberto de Abreu Sodré. Passou pelo seu governo e pelo governo de Franco Montoro, sem interferência.
No governo de Orestes Quércia  começaram as investidas, muito embora o Conselho Curador da Fundação denunciasse e o jornal O Estado de São Paulo cobrisse.
Mas foi no governo Paulo Maluf que a Rádio e Tv Cultura passaram a ser  objetivamente assessorias de imprensa e propaganda do governador. Inclusive, cobrindo suas viagens ao exterior e os mínimos atos administrativos no interior do Estado. Coisas que outras emissoras não faziam.
Perdeu sua característica principal e passou a ser órgão de propaganda do governador. Já ele então com ambições politicas mais altas.
Seus funcionários eram monitorados pelos homens do governador no Palácio dos Bandeirantes, inclusive com punições, suspensões de quem não seguisse a linha do governador.
A coisa foi-se agravando de tal forma que no final do governo, a emissora, que já tivera uma imagem boa, comparada à BBC de Londres, passou a ficar desacreditada.
E só veio a recuperar um pouco sua credibilidade nas gestões do promotor Rui Nogueira Martins e do professor Antonio Soares Amora.
É isso! quer mais?

Raul Varassin é jornalista, foi um dos criadores do Jornal Nacional, dirigiu o departamento de Jornalismo da TV Globo em quatro estados brasileiros (Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Paraná) e teve a honra de ser contratado por Vladimir Herzog na TV Cultura de São Paulo. Foi ainda chefe de reportagem no SBT, TV Manchete e TV Record.

 

Nota da redação: é uma honra imensa contar com o texto de Raul Varassin. Sem dúvida, um orgulho para as centenas de jornalistas de vários estados que ele chefiou ou que conviveram com ele. Ele é a história viva do telejornalismo brasileiro. Um ícone. Muito obrigado, Raul.

Contribuição para o Construir Resistência ->

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *