Arnaldo Antunes se junta ao Construir Resistência

Por Simão Zygband

Músico e poeta autoriza seu “engajamento” ao projeto do portal 

 

O músico, poeta, pensador Arnaldo Antunes, para quem o conhece, sabe que é uma pessoa de grande generosidade, uma alma pra lá de elevada. Não é a primeira vez que dá seu apoio solidário, com todo o seu carisma, a projetos que estou pessoalmente envolvido.

Ele não tem nada a ganhar com isso, a não ser manter acesa a chama de uma amizade paleolítica, de simpatia mútua, ele como o grande artista e poeta que é e eu como um escriba de letras e palavras, geralmente jornalísticas e mesmo sobre a “entediante” política.

Enfim, depois de ter me emprestado solidariamente seu carisma para o lançamento do “Rapsódia Brasileira”, que elaborei há cerca de três anos juntamente com o escritor e arte finalista Sérgio Papi (site que tinha uma característica exclusivamente cultural),  desta vez o Arnaldo Antunes, que nos tempos de colégio Equipe o chamávamos carinhosamente de Arnaud, autorizou o seu “engajamento” ao projeto Construir Resistência, cujos primeiros vestígios estão sendo marcados neste primeiro texto.

Arnaldo, por excesso de compromissos, não pode ainda escrever um texto autoral exclusivo para o Construir Resistência. Seria muita pretensão nossa querer isso. Mas me autorizou a capturar algum no mundo virtual para reforçar e se posicionar ombro a ombro com este site despretencioso, mas que dia a dia tem ajudado nas lutas de resistência contra o autoritarismo e o fascismo.

Esta não é, sem dúvida, do Arnaldo Antunes que conheço, a linguagem do poeta, mais afeiçoado ao ritmo musicado das palavras e não à dureza da narrativa panfletária da militância. Mas, com toda a doçura que lhe é peculiar, ele mostra que tem lado, que está do lado certo, e este lado certo é o lado do povo.

Estes são alguns trechos da narrativa do Arnaldo Antunes que capturei na internet, conforme sua autorização, para marcar seu apoio ao Construir Resistência. Ela é uma entrevista concedida no ano passado, à jornalista Tássia Costa, do portal Noize, por ocasião do lançamento da música “O Real Resiste”.  

 

Pesadelo 

“A música (O Real Resiste) tem o sentido do “real” representar o coletivo, tem um sentido político de atuação de defesa. Quando se trata do disco, o “real” se expande para outras faces. Aí entram outros temas, como os indígenas, a natureza, a morte, o amor. Ele acaba se multiplicando em várias temáticas que o disco aborda, e acho que o real seriam coisas que eu prezo muito. Na canção “O Real Resiste” eu afirmo no presente, mas é como se eu estivesse dizendo “espero que o real resista” a esse pesadelo que, na verdade, é real, e que a gente tá assistindo. Mas eu estou buscando outro real, que são as pessoas de carne e osso, aquelas que prezam pelos valores primários da democracia, a convivência com as diferenças, a preservação do meio ambiente, a cultura, a educação, a ciência. É isso que eu acredito e quero transformar em uma ocorrência real a partir da afirmação da letra da canção”. 

 

Essência esquecida

“Eu tinha pensado inclusive no nosso contexto atual, do quanto estamos inseridos em um contexto virtual, onde a aparência conta muito e as pessoas acabam esquecendo sua essência, quem elas realmente são. E achei interessante que as músicas do disco são minimalistas, o que traduz também a ideia de que o “real” tá na simplicidade. Tem isso também, trazer as pessoas para o mundo de verdade. É isso mesmo, a sonoridade acaba expressando ao seu modo esse contexto também”.

 

Hostilidade

“Fui escolhendo (temas) e pensando mais na sonoridade, assim fui percebendo que as coisas que eu estava compondo se voltavam – além da música “O Real Resiste”, claro, que fala da situação política que a gente está vivendo –, para assuntos que também são muito valiosos para mim. Elas de certa forma vão compondo um leque de coisas reais. Eu sinto que cada vez mais a gente tem que defender valores que a gente achava que eram comuns. São temas muito importantes, e temos que voltar o nosso olhar pra essas coisas que são muito primárias, mas que estão sendo muito hostilizadas atualmente”.

 

Questão política

“Acho que a cultura é uma força em si, é a identidade da nação. Você não tem uma garantia de futuro sem valorizar a cultura, a educação… Acho que essa representatividade é enorme. Só não dá pra esperar que a cultura sozinha vá resolver a questão política. É uma questão complexa que envolve interesses econômicos, uma série de coisas. O que a cultura pode fazer é ter voz ativa de cidadania, dos valores que nos importam. Esperamos não apenas da cultura, mas também do cidadão da sociedade uma postura ativa de defesa da democracia”.

 

Resposta amorosa

“ Passa por um filtro amoroso inevitavelmente, acho que essa é a nossa grande resistência à cultura do ódio que estamos vendo tomar conta do Brasil atualmente. A resposta tem que ser dada através de uma coisa amorosa, caso contrário a gente tá perdido… Se o coração se perde, a gente também perde”.

 

Em tempo: clique nos anúncios da página do Construir Resistência. Assim você estará contribuindo com a existência deste site que não tem dólares aqui no Brasil, o que dirá no exterior. E viva as Offshore.   

 

 

 

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