Por Ângela Bueno
Acabo de assistir a um filme no site #FILMICCA que me tirou o sono. Escrevo essa resenha na tentativa de conseguir dormir…
A história começa com uma jovem, Ana, desacompanhada, dando entrada em um hospital em trabalho de parto. E como um conto Kafkaniano, que se passa na #Eslovênia, a vida da personagem principal começa a ser virada pelo avesso quando ela é informada que não consta nos registros do sistema, representado pelo computador do hospital.
Prometem dar um jeito. Ela consegue ser admitida no hospital, ter o bebê, mas não consegue alta para sair do hospital… Como liberá-las se elas não constam no sistema?
Ana consegue sair do hospital em um camburão, sem a filha. O comissário que a entrevista a reconhece, pois ela foi professora de seu filho, o que não serve para nada pois ela não existe no sistema. Mas, informa que ela tem o direito de dar um telefonema para alguém que se responsabilize por ela.
Assim ela consegue ser liberada. E começa seu drama, seu calvário.
Ana passa a percorrer diversas instituições em busca de um comprovante de existência, indo inclusive à escola onde trabalhou por dez anos, sem sucesso. Ela foi apagada do sistema, mas se recusa a se tornar invisível, apesar de não ter nenhum documento que a identifique. Não sendo cidadã da Eslovênia, está sujeita a extradição sumária, podendo perder a filha, que, nesse caso, seria posta para adoção.
Nesse ir e vir Ana pede ajuda ao pai da criança, funcionário do governo que busca ajudá-la conseguindo entrevistas em jornais, que se recusam a fazer qualquer matéria quando descobrem que ela é uma cidadã apagada. Até que um entrevistador de um programa ao vivo na TV a entrevista. E, se por um lado nada muda, por outro ela resgata uma relação afetiva fundamental que a coloca frente a frente com a única saída possível para o seu drama.
O filme da diretora #MihaMazzini (Eslovênia, 2018) é primoroso. A atriz que faz a Ana trabalha muito bem. A fotografia é excelente.
A personagem se confunde com as brumas em vários momentos de apagamento, em que vai se percebendo sem saída. Linda a cena em que ela vai à escola e pela janela de vidro brinca com as crianças que eram suas alunas.
O filme prende a atenção do espectador do início ao fim. Veja até o fim. Leia o que esse filme denuncia.
Denunciar o abuso do Estado sempre foi um ato de coragem. A vida vale a pena por atos de coragem como esse!
Serviço:
Apagada (título original Izbrixana)
Direção e roteiro: Miha mazzini