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Bolsonaro Bandeira Israel

Alguém precisa dar um toque no presidente Lula

Por Simão Zygband
Bolsonaro Bandeira Israel
Bolsonaro usa bandeira de Israel em ato na avenida Paulista
Lula é um grande presidente e ninguém, exceto os descerebrados, que batem continência para pneus ou que colocam celular na cabeça para se comunicar com extraterrestres e pedir a eles uma intervenção intergalática na política do nosso país, duvida disso. Elegeu-se três vezes para comandar os destinos do Brasil. Só isso já o qualifica como o mais refinado leitor de alma do povo brasileiro, sobretudo os mais pobres.
O presidente Lula é, portanto, um predestinado. Puxou 580 dias de cadeia ilegal e de lá saiu casado com a Janja, mostrando garra e determinação para obter a mais formidável vitória eleitoral de sua carreira, graças a sua grandeza de construir uma forte aliança com adversários tradicionais como o ex-governador Geraldo Alckmin, para quem dedicou a vice-presidência.
Logo após a sua vitória nas urnas, já sentiu o drama de ter derrotado a extrema direita encarnada por Jair Bolsonaro que fez de tudo para atrasar sua vida, inclusive tramando um golpe de estado.
Lula viu os bolsonaristas incendiarem Brasília no dia de sua diplomação no TSE, tentarem colocar uma bomba no aeroporto da cidade e depredarem a praça dos Três Poderes por ocasião da sua posse. Episódios dos mais abomináveis.
Juntamente com a Janja e com o ex-ministro da Justiça, Flávio Dino, Lula conseguiu esquivar-se do cerne do golpe, deixando de decretar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) que daria plenos poderes aos militares golpistas de atuar com poder de polícia.
Pretendiam, depois de decretada a GLO, prender o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, desafeto político do bolsonarismo e de seu “líder” e possivelmente o próprio presidente Lula. Estaria assim consumado o golpe de Estado.
Mais de um ano se passou disso tudo e o Brasil foi controlado no piloto automático. Lula trouxe de volta programas de sucessos de seus governos anteriores, como o Minha Casa, Minha Vida ou o aprimoramento do Bolsa Família, os combustíveis tiveram ligeira queda e também produtos da cesta básica como arroz, feijão e carne. Aparentemente estava tudo sob controle.
Dava a impressão de que os problemas da política interna estavam controlados: Lula cedeu aos desejos inconfessáveis do Centrão, a quem controlou com rédeas curtas, mandou uma centena do baixo clero de bolsonaristas golpistas para a cadeia. Hipoteticamente tinha em suas mãos a engenharia política, arquitetando candidaturas para as eleições municipais com chances de vitória, como a de Guilherme Boulos, em São Paulo (costurando o retorno de Marta Suplicy para o PT para colocá-la de vice), procurando reproduzir uma aliança que conseguiu levá-lo pela terceira vez à presidência da República.
Mas, como dizia Mané Garrincha, Lula esqueceu de combinar com os russos. Mais de um ano de governo depois, o presidente, com a força da caneta que tem, deixou livres, leves e soltos dois de seus maiores desafetos: o próprio Jair Bolsonaro e o juiz desleal, Sérgio Moro, responsável pela sua prisão ilegal. Sentia-se tão confiante no cargo com suas peripécias políticas que decidiu enveredar para tornar-se um presidente viajante, com projeção mundial. Esqueceu-se assim de tomar conta do próprio quintal.
Possivelmente encorajado pelo seu fiel escudeiro para assuntos internacionais, Celso Amorim, Lula supôs que estava tudo dominado em casa e decidiu dedicar esforços para paralisar a guerra sanguinária entre Israel e o Hamas. E decidiu entrar de cabeça no conflito, deixando sua tradicional neutralidade de lado, perdendo sua característica de moderador e fez gestão em defesa da Palestina, talvez o seu maior equívoco, sem ao menos levar em conta que o Hamas, grupo extremista palestino, com práticas hediondas de guerra, tem em seu poder 130 reféns, inclusive um brasileiro, a quem tem por obrigação do cargo defender. Ignorou-o solenemente.
Este apoio desagradou parte da comunidade judaica que tinha lhe apoiado para presidente e criou um desnecessário incidente diplomático com um país historicamente amigo, Israel.
“Lula entrou por um caminho sem volta. Ele almeja o prêmio Nobel da Paz. É candidato a presidente de Gaza. Definindo por um dos lados do conflito, o dos palestinos, dizendo que a política de Israel lembra quando Hitler matou os judeus e que o país comete um genocídio, cria uma cizânia interna na esquerda e fortalece o bolsonarismo. Ele está deslumbrado  com os holofotes internacionais. O que tem a ganhar com isso”, relata um tradicional dirigente petista.
“Lula vai continuar dando verba federal ao desgoverno do bozofascista Tarcísio de Freitas? Vai continuar tratando-o como direita civilizada e democrática depois de ter recebido e assumido sua fidelidade a Jair Bolsonaro na manifestação de hoje na Paulista? Qual vai ser a estratégia de Lula agora? Em relação a Bozozema mineiro (Romeu Zema), ele mantém muita distância, quase desprezo. Não seria o caso de pôr Tarcísio na mesma régua? No mais, precisamos nos organizar e ser pragmáticos para as eleições legislativas porque é por meio delas que o bozofascismo quer voltar ao poder central”, analisava outro quadro petista.
As críticas também vieram de judeus que votaram em Lula, sem nunca tê-lo feito anteriormente, descontentes com sua atuação na questão palestina: “ Presidente Lula. Gentileza ser gentil. Repito, tem espaço na sua agenda para visitar o Sudão onde há mais de 2 milhões de deslocados e a fome mata solta? Ou pode ir visitar o Paquistão cuja maioria muçulmana está extinguindo os não muçulmanos da Caxemira. Ou que tal o Tibet, cuja política genocida chinesa é perpetrada desde 1959? Não, claro que não, não dá holofotes para seu passeio. E repito, quando volta para cuidar do genocídio dos povos originários e das pessoas de cor de pele preta ou parda aqui onde foi eleito para governar? Mas, se quiser, pode escolher a guerra civil, milícias e o narcotráfico nas cidades brasileiras. Problemas não faltam. E o senhor tem acompanhado a taxa nacional de estupros e suicídios, a mineração ilegal, a derrubada de nossas matas, ou o garimpo predatório? Tudo isso e muito mais está na sua agenda? Aguardamos o sr. voltar do passeio para governar o país, pois não foi pra isso que foi colocado na cadeira de anseio democrático no Brasil”, esbravejou um apoiador.
Já um tradicional petista demonstrava seu descontentamento com a condução da política interna do presidente Lula:” Para mim, o Bozo não vai ser preso. Já devem ter feito um acordão. Capitaneado pelo Lira e o Centrão . Não mexe comigo que eu não mexo com você. Estamos é ferrados.”
Enquanto isso, a extrema direita de Bolsonaro reuniu milhares de pessoas na avenida Paulista.
Quem vai dar um toque no presidente Lula?

Jornalismo de forma séria

 

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Simão Zygband é jornalista, editor do site Construir Resistência, com passagens por jornais, TVs e assessorias de imprensa públicas e privadas. Fez campanha eleitorais televisivas, impressas e virtuais, a maioria vitoriosas.

 

 

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