Por Celso Schöreder
Ainda sobre Caetano. Enquanto Chico nos acalentava e fortalecia, Caetano nos provocava e cutucava nossas fragilidades. Quando eles se juntaram no programa da Globo era apenas o planeta entrando nos eixos. Caetano nos ensinou que o leãozinho podia ser lindo e a tigresa dizer bobagens. Nos provocou com seus tamancos e bustiês e nos surpreendeu com seus ternos marrons. Nos mostrou que o velho era novo e o novo, doloroso. Está na literatura ao lado de Garcia Marques, nos diz Luís Carlos Carpim, e na música ao lado direito de João Gilberto. Quando o vi pela primeira vez, sabia que era algo absolutamente inédito, sua calça vermelha e o casaco de general, como canta Zeca Baleiro, eram a promessa da entrada do Brasil na contemporaneidade carregando sua mala de couro forrada de brim caqui e cheirando mal.
Celso Schöreder ė jornalista, chargista, ex-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e dirigente da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ)
