Por Antônio Marcos Dascânio
Ontem tive que passar pela Sé a noite. É desolador, é um terror!
Não tem espaço pra andar de tanta gente nas ruas!
Pelo estado das roupas e cobertores, você percebe que é gente que vai trabalhar e volta pra dormir no chão, além das centenas ou milhares em barracas. Muitos estabelecimentos cobram pra guardar as coisas deles. De noite é muito pior, muito!
É tanta miséria com famílias inteiras abandonadas, velhos, crianças, deficientes, bichos.
Me deu uma grande tristeza. Eu nunca vi a cidade desse jeito. Conversei com um moço de 27 anos que é hoteleiro, perdeu o trampo e foi decaindo. Tem uma barraca, fala inglês e tá fedendo na rua. Mais novo que as minhas filhas, bonito, dentes perfeitos, um menino.
Falei com uma jovem mãe de uns 24, 25 anos que lavava tomates numa bacia. Duas crianças e acabou de chegar. O marido foi trabalhar na zona Sul e ela tem esperança que as coisas se ajeitem depois do despejo e com o novo emprego dele. Era merendeira demitida pelo governo estadual. É de partir o coração e eu chorei quando fui almoçar vendo tudo aquilo.
Pqp!!
Antônio Marcos Dascânio é ex-metroviário e ativista sindical
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Parabéns por essa artigo, tão direto e sensivel, que retrata esses tempos sombrios de desemprego, miséria da população e descaso dos desgovernantes.
Não posso acreditar, que a miséria humana, não possa sensibilizar as pessoas.