Por: Angela Bueno
Nesses tempos em que se fala tanto da situação da mulher no #Afeganistão, me lembro desse livro que li sobre a história de três mulheres…
Elas vivem em países diferentes.
Pertencem à classe sociais diferentes.
Não se conhecem.
E suas vidas são entrelaçadas por uma trança.
Achei genial essa metáfora de uma trança, usada pela autora, para ligar situações de vidas tão diferentes. O cabelo da mulher tem um lugar no imaginário não só de nós mulheres, mas também no dos homens.
Smita, mora em uma aldeia da Índia, e é uma dalit, uma intocável. E quer uma outra vida para sua filha. Mas, pra isso ela terá que frequentar uma escola.
Como fazer isso em uma sociedade tão estagnada pela casta, na qual a pessoa nasce e pela opressão à qual a mulher é submetida, para além de sua casta? Na história dessa mulher vemos como os que têm menos pagam sempre mais, até nos templos.
Giulia é siciliana. Ela trabalha com o pai no ateliê Lanfredi, de sua família.
Sarah é uma advogada canadense. Alta executiva de uma firma de advocacia, da qual almeja ser sócia.
A história dessas mulheres vai se desenrolando e o ponto que percebo em comum é o lugar da mulher no mundo. Em situações tão diversas, o lugar subalterno da mulher fica escancarado.
A indiana ousa sonhar e correr atrás de seu sonho.
A italiana também, ainda que o lugar esperado para ela seja uma casamento, por conveniência.
Paradoxalmente, a canadense, que seria vista como a mais bem sucedida, numa sociedade que valoriza o sucesso e o dinheiro, vai precisar da trança, das outras duas para voltar a tocar sua vida.
São três mulheres corajosas e determinadas.
Cada uma à sua maneira, sem saber se conectam, por uma trança.
É uma história bem trançada.
A autora foi muito feliz ao descrever universos tão distantes e tão interligados.
Somos irmãs nesse mundo tão diverso.
Esse livro nos ajuda a dar conta disso.
Vale a leitura!
Serviço:
#A Trança
Autora: #LaetitiaColombani
Gênero: Romance
Editora: Intrínseca
Ano: 2020.
Ângela F.V.Bueno é psicanalista e ceramista. Nas décadas de 70- 80 trabalhou na Caritas Arquidiocesana de Vitória. Trabalhou também na Secretaria de Estado da Saúde- ES, contribuindo para a implantação do SUS em seu estado. É professora aposentada do departamento de Serviço Social da UFES. É mestre em Teoria e Clínica Psicanalítica pela UERJ.