Do site do PT
Indicador da Serasa Experian bate o recorde da série história, iniciada em 2016. Inadimplência das famílias e juros altos desencadeiam a má situação dos negócios
“Legado” da política econômica desastrosa do desgoverno Bolsonaro, a inadimplência avança tanto entre pessoas físicas quanto jurídicas. Após o recorde de setembro, o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian cresceu 8,5% em outubro, na comparação anual. São 6.332.952 milhões de negócios com dificuldade para quitar as dívidas, maior quantidade registrada desde o início da série histórica, em 2016.
Conforme o Mapa das Empresas do governo federal, o Brasil tem 20,4 milhões de empresas. Portanto, cerca de 30% dos negócios do país estavam inadimplentes em outubro. O levantamento da Serasa registrou 44,8 milhões de dívidas no mês, somando R$ 106,4 bilhões.
Em 12 meses, 493 mil negócios de variados portes se tornaram inadimplentes. A pesquisa da Serasa Experian considera como inadimplente a empresa que tem pelo menos uma conta vencida e não paga. Em média, cada CNPJ negativado possui 7 contas atrasadas a pagar.
O número de empresas inadimplentes ultrapassou a casa dos 6 milhões em fevereiro deste ano, chegando a 6,2 milhões em junho. O dado se manteve estável durante junho, julho e agosto, voltando a subir em setembro e atingindo o pico em outubro.
No Valor Econômico, o economista da Serasa Experian Luiz Rabi avalia que o cenário não deve mudar no curto prazo. Quando o consumidor final deixa de pagar a conta, alguma empresa deixa de receber o pagamento. Assim, a inadimplência das famílias gera a das empresas. “A inflação puxou a inadimplência das pessoas físicas, que tem crescido desde outubro de 2021, e teve efeito também na inadimplência das companhias”, explicou.
Rabi diz ainda que o aumento da taxa básica de juros (Selic) deixou o crédito mais caro e elevou os custos para rolagem das dívidas das empresas, principalmente as pequenas e médias. As empresas usam empréstimos para adiantar os pagamentos de clientes no crédito. Se a pessoa fez uma compra em dez vezes, a empresa adianta o valor total com o banco, mediante o pagamento de juros. Na prática, a empresa recebe menos.
Para conter a inflação, o Banco Central (BC) promoveu uma série de altas na taxa Selic, que começaram em março de 2021, quando a taxa passou de 2% ao ano para 2,75% ao ano. Em agosto deste ano, ela chegou ao patamar atual (13,75% ao ano).
O indicador de inadimplência das empresas deve ser o último a mostrar um cenário positivo, prevê Rabi, pois depende de uma melhora econômica contínua. “Este índice é um indicativo em cadeia, porque para parar de crescer é necessário que os consumidores consigam limpar seus nomes e quitem as dívidas que contraíram com as empresas que, consequentemente, terão melhora no fluxo de caixa e, por sua vez, conseguirão pagar os compromissos financeiros atrasados que ainda possuem”, conclui.
Setor de Serviços e pequenos negócios são os mais prejudicados
A maior parte das empresas inadimplentes atua no setor de Serviços (53,4%). Em seguida vem as do Comércio (37,6%), Indústria (7,8%), Primário (0,8%) e “Outros” (0,4%). O índice revela ainda os setores em que os empreendimentos mais contraíram as dívidas que os levaram à inadimplência. O destaque ficou para o segmento “Outros”, que engloba na maioria indústrias, além de empresas do terceiro setor e agronegócio.
As micro e pequenas empresas correspondem à maior fatia de inadimplentes: são 5,6 milhões de pequenos negócios com o CNPJ no vermelho em outubro. Do total, 52,3% fazem parte do setor de Serviços, 39,3% do segmento de Comércio, 7,9% são Indústrias e 0,5% estão na categoria “Outros”. As empresas menores tendem a demorar mais tempo para se recuperar, mesmo em cenário de economia estável.
A avaliação por Unidade Federativa (UF), mostrou que São Paulo, o estado mais rico do país, teve um acréscimo de mais de 180 milhões de empresas inadimplentes entre outubro de 2021 e de o mesmo mês 2022. Além disso, o estado lidera o ranking, com mais de 2 milhões de negócios negativados.
Ainda na análise anual, seguem Minas Gerais, que foi de 600.469 para 616.065, Rio de Janeiro, que teve aumento de 519.205 para 563.201, Paraná, indo de 366.718 para 401.971, e o Rio Grande do Sul, único a marcar diminuição, caindo de 353.525 para 353.360. Além disso, o Sudeste é a região com maior participação, de 52,9%. Em sequência estão Nordeste (16,6%), Sul (16,3%), Centro-Oeste (8,9%) e Norte (5,3%).
Da Redação