A tornozeleira da presa pobre

Por Karla Maria

Conheci uma mulher, mãe de uma menininha de olhos verdes de pouco mais de um ano, lá de Passo Fundo (RS), que não tinha energia, luz na sua casa, tamanha a pobreza e vulnerabilidade da família.

Ela estava em prisão domiciliar e para recarregar sua tornozeleira eletrônica, ela precisava – com a autorização da unidade prisional ciente do percurso -ir a uma loja de conveniência do posto de gasolina mais próximo de sua casa para recarregar a bateria do eletrônico. Acredita? Era isso ou voltar pra cadeia.

Na foto, você vê o pé, a tornozeleira dela, registro que fiz quando a entrevistei.

Então, ter visto um parlamentar com a mesma obrigação (usar tornozeleira eletrônica) desobedecer a justiça, passear de jatinho com dinheiro público e posar de herói deste país foi testemunhar o escárnio, uma vergonha, a falência da justiça.

Ver gente defendendo este senhor e o direito de ele atacar a democracia, agredir ministros etc. é algo ainda mais repulsivo.

A história que contei está em meu livro “O Peso do Jumbo, histórias de uma repórter de dentro e fora do cárcere”, publicado pela Paulus Editora.

Mas quem quer saber disso né…
#opesodojumbo

 

Karla Maria é escritora e jornalista. Escreveu os livros O peso do jumbo: histórias de uma repórter de dentro e fora do cárcere; Irmã Dulce – A santa brasileira que fez dos pobres sua vida e Mulheres Extraordinárias

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