Construir Resistência
Foto: divulgação

A sétima arte e a educação como pilar de transformação

Por Beatriz Herkenhoff

Gosto muito de filmes que abordam o papel da educação como um dos pilares para uma sociedade mais justa, respeitosa e inclusiva. Geralmente, relatam histórias que nos emocionam e envolvem pelos desafios apresentados e os difíceis caminhos de superação.

Destacam o papel de professores, que apostam nas potencialidades dos jovens e em sua capacidade de ir além. Educadores, que utilizam métodos inovadores valorizando o respeito às diferenças, elevando a autoestima dos estudantes, com estímulos para construírem novos caminhos e possibilidades.
Como professora, são temáticas que me tocam e fazem refletir sobre minha trajetória.

Vou indicar dois filmes que considero imperdíveis e que poderiam ser debatidos pelas escolas com a participação de pais, estudantes e professores.

Escritores da Liberdade (2007) retrata as relações em sala de aula, bem como a situação de vulnerabilidade vivida pelos jovens. Baseado numa história verídica em que uma professora novata se sensibiliza pela dor e frustrações identificadas em sala de aula.

 

Acredita que pode contribuir para despertar o desejo de mudanças. Como estratégia utiliza uma metodologia dinâmica e criativa com jogos, visitas a museus, depoimentos sobre o holocausto, música, poesia e um diário (que oferece a cada aluno). Convida-os a escrever sua história, expressar seus sentimentos, raivas, tristezas, medos, traumas, conquistas e frustrações. Mergulhar em seu universo particular.

Dessa forma, não impõe uma educação em que os professores são os detentores do conhecimento. Parte da história de cada um, da valorização de sua singularidade, identidade e pertencimento.
E nessa dinâmica vêm à tona as injustiças, a violência, os abusos, humilhações, discriminações vividas por eles dentro e fora da escola.

Com um olhar crítico sobre a realidade, a professora mostra como a educação pode ser prazerosa e ao mesmo tempo possibilitar mudanças. Ao invés de punir os alunos pelo seu desinteresse, desperta neles o desejo de construir um futuro melhor. Um filme profundo, sensível, emocionante. Um convite para pensarmos sobre nossos preconceitos e atitudes.

Como estrela na terra (2007) Fiz uma resenha desse filme ao falar sobre os filmes indianos. Mas, ele é tão denso e intenso que volto a dialogar com o mesmo.

Quero destacar o papel do professor de arte nesse contexto. Ele identifica um aluno com um problema ignorado pela escola: a dislexia.

Por esse motivo, a criança era incompreendida, rejeitada, vítima de preconceito, de bullying, com consequências desastrosa tanto na escola como na relação com os pais. Provocando o seu adoecimento psíquico e emocional.

O professor vai além da sala de aula, utiliza um método não tradicional, pesquisa sobre as habilidades do aluno, mostra para os pais e seus amigos da escola como ajuda-lo, debate com a direção da escola uma nova postura e abordagem metodológica, despertando para a diversidade e singularidade de cada um.

É um filme muito sensível e emocionante. Traz esperança e compreensão da dislexia e possíveis ações de enfrentamento. Gera debates sobre procedimentos metodológicos criativos que podem trazer novas possibilidades de inclusão daqueles que possuem alguma deficiência.

Beatriz Herkenhoff é doutora em serviço social pela PUC São Paulo. Professora aposentada da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo). Cinérfila.

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