A jovem poética de Garcia Lorca

 
Quando muito jovem, me apaixonei pela poética do andaluz Federico Garcia Lorca, que faz aniversário hoje, e segue estranhamente vivo na memória dos melancólicos.
 
Li Garcia Lorca andando nas praias cinzentas do inverno paulista, sob o vento frio que sobe das geleiras antárticas.
 
Viveu imensos 38 anos, como artista completo, pintando, compondo, tocando, escrevendo. Impacta o mundo até hoje com suas tragédias.
 
A última delas – A Casa de Bernarda Alba – tem a atmosfera densa do queijo ou do cimento fresco. Angústias, Madalena, Martírio, Amélia e Adela. Os nomes já compõem um poema dentro da prosa.
 
Creio, sem provas, que tenha sido assassinado pelos golpistas, em razão de sua simpatia pela Frente Popular, a coligação progressista da esquerda republicana. Era 1936…
 
Ao mesmo tempo, considero que foi eliminado por conta de sua orientação sexual, motivo de ódio dos falangistas, com os quais ele não tinha intenção de manter qualquer contenda.
 
Garcia Lorca é dessas poucas figuras que conquistaram a plena e eterna juventude, mesmo longe da fonte de Ponde de León. Ainda hoje, mergulho na dúvida e me espanto com estes versos:
 
A rosa
não buscava a aurora:
quase eterna no ramo
buscava outra coisa.
 
A rosa
não buscava ciência nem sombra:
confim de carne e sonho,
buscava outra coisa.
 
A rosa
não buscava a rosa:
imóvel pelo céu
buscava outra coisa.
 
* Para completar, ouça um poema de Garcia Lorca musicado pela grande cantora Vanessa Bumagny, nossa companheira de lutas.

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