Construir Resistência
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A morte do imprescindível Alípio Freire

A equipe do Construir Resistência se une às homenagens ao jornalista Alípio Freire, mais uma das milhares de vítimas da política do genocida Jair Bolsonaro.

 

Alípio Freire, Presente!

 

Quem foi Alípio Freire 

Alipio Raimundo Viana Freire, baiano de Salvador, militante, poeta, jornalista, editor, escritor e artista plástico. Foi militante da Ala Vermelha,  que combateu a ditadura empresarial-militar. Preso ainda jovem, aos 23 anos pela Operação Bandeirantes (Oban), sofreu toda a violência do Estado e seus agentes. Depois de três meses de torturas e interrogatórios, foi transferido para o Presídio Tiradentes, onde ficou preso entre 1969 e 1974. Sobreviveu e voltou, incansável, às batalhas da luta de classes. Foi anistiado pelo Ministério da Justiça desde 2005.

Seguiu sua militância no jornalismo e nas artes,e na vida partidária.  Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT). Atuou em diversas frentes do Movimento Sindical, Movimentos Sociais e Populares.

No MST, Alipio contribuiu ativamente com sua militância: foi o criador e o primeiro editor-chefe da Revista Sem Terra (1997), foi um dos fundadores e membro do Conselho Político do Jornal Brasil de Fato, onde contribuiu com vários artigos e análises. E atuou junto à Expressão Popular, editora que viu nascer.

Alipio Freire escreveu muito. Lançou “Estação Paraíso” (Expressão Popular, 2007) e “Tiradentes – Um presídio da ditadura” (Scipione, 1997), organizado por ele junto com Granville Ponce e Izaías Almada. Em 2013, lançou seu primeiro longa metragem, o documentário “1964 – Um golpe contra o Brasil”, no Memorial da Resistência de São Paulo, região da Luz, onde funcionava o antigo prédio do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Dops).

 

Veja algumas das milhares de homenagens: 

 

Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST)

 

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lamenta profundamente a morte do companheiro Alipio Freire, ocorrida hoje (22/4), em São Paulo, aos 75 anos. Ele estava hospitalizado desde o dia 21 de março, e veio falecer hoje, vítima da covid-19.

Toda a nossa solidariedade aos familiares – companheira Rita Sipahi, as filhas Camila e Maiana, o filho Paulo e netos –, seus muitos amigos e companheiros de luta.

A militância e as lutas de Alipio Freire  estiveram sempre presentes como parte da esquerda brasileira.  Ele dedicou toda sua vida às causas do povo brasileiro e pela transformação radical de nossa sociedade.

Nos deixa um legado de compromisso com o povo, de coerencia e de sabedoria em usar as letras e as artes na conscientização de nosso povo.

Os que lutaram a vida toda, como fez Alipio, são imprescindíveis!

Putabraço, camarada, até sempre!

Alipio Freire, presente!

 

Grupo Tortura Nunca Mais SP

 

Nota de pesar

O Grupo Tortura Nunca Mais de Sao Paulo lamenta profundamente a perda do seu amigo e companheiro ALÍPIO VIANA FREIRE, ocorrido hoje, 22 de abril de 2021, devido à Covid-19.

Jornalista, escritor, artista plástico, ativista cultural, Alípio foi um militante das causas populares desde muito cedo. Combateu a ditadura pela organização Ala Vermelha do PCdoB, e foi preso junto com vários companheiros em 1969. Padeceu muito tempo  submetido às piores torturas na Operação Bandeirantes (Doi-Codi) e no Dops, e depois permaneceu preso até 1974 no Presídio Tiradentes.

Depois da prisão trabalhou em vários meios de Comunicação, como Folha de São Paulo, TV Cultura e TV Bandeirantes, sempre na editoria de Internacional. Fez inúmeros documentários, incluindo o “64, um Golpe contra o Brasil”, pela TVT – TV dos Trabalhadores. Entre seus livros, destacam-se “Estação Paraíso” e “Estação Liberdade”, além da organização de “Tiradentes, um Presídio da Ditadura”, com o relato de 35 pessoas que passaram por aquele lugar. Foi também diretor da Associação Brasileira de Imprensa – ABI, e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores.

Alípio era dono de uma vasta cultura, e encantava a todos com seu humor fabuloso. Tinha inúmeros amigos, que hoje choram inconformados sua partida.

Saberemos honrar sua amizade, dedicação e companheirismo, seguindo firme na defesa dos Direitos Humanos e na luta por um mundo melhor e mais justo, onde a Felicidade seja um desses direitos.

 

Pio Redondo – jornalista
No coração, na consciência e na história mais recente do Brasil. Três companheiros de militância desde a ditadura militar, então jovens e já clandestinos, fraternos, que foram extremamente importantes na luta pela redemocratização, pela liberdade de imprensa e aos movimentos populares.
Alípio Freire, Marcelo Antônio e Júlio de Grammont deram contribuição decisiva à formação dos metalúrgicos do ABC, o que incluiu o próprio Lula. E na fundação do PT.
Presentes para sempre!
Alípio, que pena
Walter Falceta – jornalista e coordenador do Coletivo Democracia Corintiana 
Posso dizer, sem receio, que Alípio Freire detinha uma das memórias mais cristalinas, críticas e sensatas do período da Ditadura Militar, entre 1964 e 1985.
Bom baiano, de Salvador, Alípio chegou a São Paulo cheio de sonhos, aos 16 anos de idade, em 1961. Foi estudar Jornalismo na Cásper Líbero.
Lá se agregou ao movimento estudantil. Depois do Golpe de 1964, aproximou-se do PCdoB e, depois, juntou-se à famosa e combativa Ala Vermelha, militando da resistência armada ao regime opressor.
Acabou detido em 1969, antes de completar 24 anos. Passou por vários centros de detenção, sofrendo as mais terríveis torturas, sem jamais revelar os segredos estratégicos das organizações da resistência.
Esteve no Presídio Tiradentes e na Penitenciária do Estado. Mesmo com todas as dores do cativeiro, nunca baixou a cabeça e tratava de animar os companheiros combalidos que cogitavam desistir da luta e até da vida.
Permaneceu detido até 1974. Saiu para fazer de tudo. Figura de múltiplos talentos, de rara inteligência, foi jornalista, escritor, artista plástico, investigador histórico, palestrante, educador popular e curador de exposições.
Lembro que perambulou pelas ruas do amado Bom Retiro, com uma turma de jovens, contando para eles das raízes operárias do bairro e do centro de detenção de presos políticos na divisa com o bairro da Luz.
Teve o zelo de reunir e catalogar valiosas obras artísticas da lavra de presos políticos, de objetos artesanais a desenhos e pinturas.
Em 2013, no Memorial da Resistência de São Paulo, realizou a magnífica exposição “Insurreições: expressões plásticas nos presídios políticos de São Paulo”.
Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Sua fala de estímulo aos jovens era pela construção de um partido popular, ativo, audacioso, sempre jovem em espírito, que estabelecesse a conexão educativa entre a favela, o cortiço, a fábrica, a escola e a rua dos abandonados pelo sistema.
O PT do Alípio foi o PT autêntico, aquele que aprendemos a amar, marcado por sua generosidade, amorosidade e respeito à diversidade.
Deixa livros fantásticos, como “Estação Paraíso” e “Estação Liberdade”. Vale muito a leitura. Deixa uma lição de vida. Deixa muita saudade.
Companheiro Alípio: PRESENTE!
Washington Araújo – jornalista

Torcíamos todos os dias pela recuperação do Alípio Freire, acompanhando as notícias enviadas pelo amigo, também jornalista, Aparecido Araújo Lima (Cidoli). Infelizmente, a Covid-19 o levou.

Depois desta guerra, que um dia haja um “panteão” em homenagem aos milhões de mortos por esta peste que, no Brasil, tem patrocínio oficial.

E que o nome de Alípio Freire esteja lá por ter sido mais um derrubado de forma covarde pelos genocidas, mas que mostremos que é imortal, pois sempre esteve e continuará vivo na resistência à ditadura, à tortura, às prisões cruéis, das quais ele foi também vítima.

 

Graça Lago – jornalista 

 

“Alípio Freire partiu, é mais uma vitima da pandemia da Covid-19, que encontrou acolhida e incentivo desse governo genocida. Um combatente de primeira grandeza, que nos deixa um legado imenso.

Jornalista, escritor e artista plástico, Alípio foi militante da Ala Vermelha, e preso aos 23 anos pela Operação Bandeirantes (Oban). Depois de três meses de torturas e interrogatórios, foi transferido para o Presídio Tiradentes, onde ficou entre 1969 e 1974.

Após a prisão, seguiu com o jornalismo e a militância, sendo um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT). Anistiado pelo Ministério da Justiça desde 2005, escreveu vários livros, entre eles, “Estação Paraíso” e “Estação Liberdade”. Em 2013, lançou seu primeiro documentário, chamado 1964 – Um golpe contra o Brasil.

Alípio Freire, eternamente presente.”

 

Fernando Morais – escritor e jornalista 

 

“Como disse o Sacchetta, uma estrela vermelha brilha no céu desde hoje cedo. Morreu Alípio Viana Freire, jornalista, escritor, artista plástico e militante da luta armada contra a ditadura.”

 

Ivan Seixas – ex-preso politico

“Alípio Freire caiu vítima do genocida. Nesses tempos de covid e de reinado do genocida e sua quadrilha, me sinto como nos tempos de nossa luta contra a ditadura, que a cada dia ficávamos sabendo da morte de uma companheira ou de um companheiro.

Naquela época, nos dava força para continuar a vontade de derrotar o inimigo e encostá-los todos no paredão e justiçá-los em nome dos caídos. Já não usamos armas, já não temos a esperança de encostar essa gente fascista no paredão, mas meu ódio pelo fascismo é talvez até maior.

Alípio Freire, presente! Agora e sempre!

 

Celso (Tilango) Fontana – advogado

Luto Vermelho
Em memória de Alípio Viana Freire

Se a Morte pode ser alívio
Hoje a saudade tem nome
E o seu nome é Alípio

A origem do nome é grega
Aquele que não sente tristeza
A conduta de Alípio agrega
Pelo exemplo de firmeza

Sua história, aos poderosos, irrita
Muito além de admirado
Tinha o Amor de sua Rita

Nas conversas do bar Pirandello
Nas campanhas e no jornalismo
Havia nele um fratello
Da ala vermelha e lirismo

Cunhado de Aytan Sipahi
Dois guerreiros mordazes
Dos melhores que conheci.

Nas barbas de Sabedoria
Apoiando-se numa bengala
Transformava as noites, os dias
Em encontros de gala

Ensinava, sorria e escrevia
Discursos mais que flamejantes
Com ponderações, todavia
De humores hilariantes

Ele era da ala vermelha
Em toda a organização
Reacendia as centelhas:
Solidário de Coração.

 

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