Por Adriana do Amaral
Padre Julio explica que a celebração de Pentecostes acontece 50 dias após o fim da Páscoa. É quando a chama do Círio Pascal é apagada. Ele nos convida a sermos a chama acesa. Como se o santo homem nos dissesse que o amor é a chama que vive em nós, honrando aqueles que sucumbiram na #pandemia. Afinal, quem é lembrado não morre, não é mesmo? A memória nos mantém vivos.
“Alguém pode ter alegria nesse momento?, questiona. “Um tempo de tanta incerteza, de tanta dúvida, de tanto medo? O número que nos queríamos ouvir é o número de vacinados, dos que estão saciados”.
E provoca. Alguns perguntam: quem é o Espírito Santo?
Ele responde ser o Pai dos Pobres, pai e mãe dos desvalidos, dos sofridos e dos desvalidos que tem a força de mudar a história, pois os poderosos não mudam nada. “O espírito santo é a força transformadora. É a força que rompe com a opressão, a dominação, com tudo aquilo que subjuga. É força revolucionária do amor, que implode todo o egoísmo, que destrói toda a maldade que rompe e denuncia toda a injustiça. Quando os sistema fala em acumulação, o Espírito Santo propõe a partilha, quando fala da força que domina, o Espirito Santo é explosão de amor de vida para todos. É resistência.”
Um dos pontos mais simbólicos da missa, no entanto, foi quando a realidade subiu ao altar. Padre Julio deu voz ao trabalhador, que denunciou o desmonte da empresa #Proguaru, do município de Guarulhos, em São Paulo. Ele pediu ajuda para reverter a decisão que pode tirar o sustento de quatro mil trabalhadores em limpeza urbana, asseio e conservação e prestação de serviços diversos. Pais e mães de família que correm o risco de ficar sem emprego em plena #pandemia.
Em seguida, o altar se encheu de cor e perfume, numa espécie de oferenda. Novamente as mulheres, dessa vez do coletivo #FlorespelaDemocracia estavam lá, somando ao movimento pela vida e em memória dos mortos.
Após a missa, padre Julio foi para a frente da Capela de São Miguel Arcanjo, na zona leste da capital paulista, para benzer as “bandeiras do Divino” que serão erguidas pelos manifestantes que seguirão para Brasília. Mais do que um protesto, será uma vigília de amor e esperança pelo e para o povo brasileiro que está sofrendo. Os idosos, os desempregados, os doentes, os marginalizados e os esquecidos…
Uma missa até para todos, católicos ou não.