Por Simão Zygband
Ouvi um áudio do João Paulo Rodrigues da secretaria nacional do MST comunicando que todos os partidos e organizações populares da coalização que reelegeram Luiz Inácio Lula da Silva como presidente da República estiveram reunidos na manhã de terça-feira (dia 1) para fazer uma avaliação da situação política pós-eleitoral e que se optou corretamente pela vias judiciais junto ao TSE e STF para colocar fim aos bloqueios dos fascistas nas rodovias brasileiras.
Eles avaliaram que a decisão de recorrer ao ministro Alexandre Moraes havia sido correta pois assim se “restabeleceria o direito de ir e vir” e que as polícias federais e estaduais deveriam fazer o trabalho de desobstrução das estradas interditadas por bolsonaristas desolados com a derrota.
Rodrigues considerou a decisão do TSE e STF “suficiente” para contornar a manifestação golpista, que bloqueou as principais rodovias do país. Segundo ele, do ponto de vista político, todos sabiam que Bolsonaro e os bolsonaristas não iriam aceitar as decisões das urnas. “Porém, agora é uma decisão do Estado brasileiro lidar com esta situação. E frente a isso, a nossa orientação para a nossa turma, primeiro, é ter calma. Não há nenhum motivo para a gente cair na pilha do que está rolando nas redes sociais. Nós estamos ainda celebrando a grande vitória que tivemos no último domingo. Por fim, acho que não cabe aos movimentos populares tomar nenhuma decisão de querer confrontar ou enfrentar o bolsonarista. Isso é uma atribuição do Estado brasileiro, da Justiça e das suas polícias de reprimir este bando golpista. Cabe a nós neste momento festejar a vitória do Lula, ficar atento, e não cair na provocação destes agrupamentos. Por enquanto, deixa eles com o monopólio da violência e nós com o monopólio da esperança da organização popular, sem cair em provocação”.
Gaviões da Fiel e Galoucura
Claro que os bolsonaristas tiveram a sensação nestes quatro anos de (des)governo de que podiam tudo e que não haveria nenhum tipo de reação a seus delirantes protestos.
Precisa lembrá-los que o genocida foi derrotado nas urnas e que, apesar de todas as as manobras que fizeram para ganhar as eleições, com compra de votos, pressão nos beneficiários do Auxílio Brasil e liberação do Orçamento Secreto nas mãos de deputados e prefeitos da situação, mesmo assim não contiveram a avalanche Paulista e recado da maioria dos eleitores foi Fora Bolsonaro.
Foi difícil para os eleitores do Lula conterem os ânimos e verem os adversários não aceitarem a derrota, conclamando a revanche, bloqueando estupidamente as estradas, prejudicando inclusive aqueles que votaram no genocida.
A torcida organizada do Corinthians, a Gaviões da Fiel, cuja maioria votou no Lula, botou os manifestantes golpistas para correr quando se dirigiam de ônibus para enfrentar o Flamengo no Rio de Janeiro, assim como fizeram os torcedores do Atlético Mineiro, a Galoucura, quando se dirigiam à capital paulista para enfrentar o São Paulo. Também os torcedores do Fortaleza desobstruíram a estrada no tapa.
Evidente que o eleitor do Lula estava com sangue nos olhos para ir lá dar uns “tabefes” nos golpístas nos bloqueios, mas as lideranças do MST e do movimento popular não caíram na armadilha dos fascistas de encarar o confronto direto. Isso era tudo o que Bolsonaro queria para criar um conflito, conturbar o paia e justificar a ação de militares extremistas.
O país quer paz e prosperidade. Este é o principal resultado das urnas.