Por Moisés Mendes
Lula em entrevista em Roma sobre a ameaça de extradição de Julian Assange:
“Assange foi preso porque denunciou ao mundo a espionagem americana. E eu não vejo nenhuma manifestação da imprensa em defesa da liberdade de imprensa. É inacreditável. Nem o jornal que publicou a matéria defende ele. O nome disso é covardia”.
Lula sabe que a covardia do jornalismo não é só a da grande imprensa.
Nunca antes, em tempos sombrios, tantos estiveram tão quietos. Calaram-se muitos dos valentes de tempos normais.
Gente que falava alto em época de normalidade hoje anda com o rabo entre as pernas, enquanto o poder econômico da extrema direita caça jornalistas no Judiciário, como se os foros fossem extensões das suas empresas.
E nunca antes o jornalismo teve tantos fascistas. Nem na ditadura a extrema direita foi tão militante na imprensa como agora.
Jornalismo brasileiro
Esse é o jornalismo brasileiro. Chamada na capa do Globo para a coluna de Malu Gaspar:
“Zanin só fica atrás de Fux e Barroso nos votos ‘sim’ recebidos no Senado”
Agora, a manchete do Estadão:
“Zanin, advogado de Lula, é aprovado para o STF com um dos menores placares entre os atuais ministros”
E esta é a manchete da Folha:
“Zanin tem a nona melhor folga na votação”
Cada um aborda como quer, e o eleitor escolhe a sua manchete preferida.
Com o detalhe no Estadão de que é preciso reafirmar que Zanin é o advogado de Lula.
O problema dos jornalões, em especial o Estadão, é que fizeram campanha pesada contra Zanin e quase toda a direita e parte da extrema direita nem deram bola para a choradeira deles.
Zanin derrotou Sergio Moro, Merval Pereira, Eliane Cantanhede, William Waack, Fernando Gabeira e assemelhados.
O jornalismo de direita e extrema direita ainda está abalado com a derrota do lavajatismo.
Dia terrível para Moro
Foi um dia terrível para Sergio Moro e ele sabe que foi apenas o primeiro.
Tem o julgamento dos seus delitos eleitorais no TRE do Paraná. Tem a sindicância da corregedoria do Conselho Nacional de Justiça na estrutura da Lava-Jato.
E teremos, como desdobramento da correição do CNJ, acesso a informações sobre outros crimes.
Os casos envolvendo Moro deverão parar no Supremo, onde Zanin estará e onde ele gostaria de estar.
Enquanto isso, Dallagnol busca a proteção de alguém em Chicago.
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Escreve também para os jornais Extra Classe, DCM e Brasil 247. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim). Foi colunista e editor especial de Zero Hora