Por Sonia Castro Lopes
O jogo político rumo às eleições presidenciais de 2022 começa a se delinear. A quase um ano do pleito, as pesquisas de opinião são unânimes em apontar Lula como favorito, seguido por Bolsonaro com quem o ex-presidente disputaria o segundo turno. Mas há algo mais no ar além dos aviões de carreira…
Há uma centro-direita que, decepcionada com a escolha feita em 2018, já abandonou o barco do capitão. As pesquisas também indicam que a rejeição ao atual presidente caminha a passos largos. Portanto, entre o núcleo progressista e a extrema direita há uma zona nebulosa onde se debatem diversas candidaturas, das quais a de Moro (PODEMOS) parece ser a mais promissora. O projeto do ex-juiz cai como uma luva para a turma dos “nem-nem” e já conta com o apoio do empresariado e da grande imprensa. Além disso, sua campanha começa a aproximar-se dos militares descontentes com o atual governo, como o general Santos Cruz que, recentemente, se filiou ao PODEMOS para apoiar sua candidatura e o próprio vice-presidente Hamilton Mourão com quem o ex-juiz tem trocado mensagens diárias.
A tal zona nebulosa, espaço onde se tenta firmar uma candidatura de terceira via, apresenta uma multiplicidade de pré-candidatos: João Dória, o vencedor das prévias do PSDB; Luiz Henrique Mandetta (União Brasil), Simone Tebet (MDB), Rodrigo Pacheco (PSD) e Alessandro Vieira (Cidadania). Como coadjuvantes aparecem Luiz Felipe D’Ávila (Novo) e André Janones (Avante). É possível que muitas dessas candidaturas fiquem pelo caminho, mas há grande possibilidade de uma aglutinação em torno do nome de Sérgio Moro, pelo visto o mais bem posicionado entre eles. Inclusive, já foram amplamente noticiados os encontros ocorridos entre o ex-juiz, o governador João Dória e o ex-ministro Mandetta. Isso sem falar na possibilidade de uma “cristianização” em favor de Moro por parte dos líderes partidários dos candidatos desidratados.
No atual contexto, a aparente ascensão de Moro enevoou a trajetória de Ciro Gomes (PDT) que não consegue se definir se disputa espaço como aspirante à coluna do meio ou embarca para Paris. Melhor faria se adotasse a postura de legítimo representante do partido do saudoso Leonel Brizola e aderisse sem chororô ao bloco progressista.
É fato que o bolsonarismo de terno e gravata vem ganhando força. Por enquanto, vai dando Lula, mas não se pode desconsiderar a força dos faria limers e da grande imprensa representada particularmente pela Rede Globo, Folha e Estadão. Com os prováveis tropeços na área econômica, o processo de derretimento de Bolsonaro será irreversível, mas vem chumbo grosso por aí, não se iludam. É totalmente plausível que a batalha final seja entre Lula e Moro (ah, o doce sabor da vingança), com todos os partidos de centro-direita encarrapitados em torno do “justiceiro.”
Foto: Correio Braziliense