“Elize Matsunaga – Era uma vez um crime”, a dica do Ricardo Soares

Eliza Capai é diretora da série documental que estreou na Netflix “Elize Matsunaga – Era uma vez um crime “. Assisti satisfeito na noite passada porque um fraterno amigo (amigo também da diretora) me recomendou. Do contrário, não teria assistido porque a personagem da série nunca me inspirou nada a não ser pena. No entanto arrisquei, gostei e recomendo.

A série, apesar de edição cronológica clássica e pouco inovadora, é muito bem montada, conduzida e finalizada com a ressalva de que, de certa forma, vitimiza a assassina esquartejadora brutal. Achei da maior competência, trabalho profissional executado por uma equipe feminina que nada fica a dever para os similares do gênero mundo afora. Um dos grandes méritos da direção de Eliza e do roteiro de Diana Golts é, além de mostrar a trajetória da assassina desde Chopinzinho (pequena cidade do interior do Paraná), revelar o entorno jurídico do caso com os advogados (de defesa e da promotoria) ávidos por holofotes e um legista esquisitão que não passa a menor confiança.

Ou seja, a série mostra os seres humanos em sua pobreza de espírito e escolha de hábitos de vida imbecis como o casal assassina – assassinado que eram consumistas, armamentistas e adoradores de caça. Não há santos no enredo. A miséria humana sempre é mais vasta do que supomos.

Assista e reflita.

 

 

 

Ricardo Soares é jornalista, escritor, produtor e crítico de arte.

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