O Panorama Político com Moisés Mendes

Por Moisés Mendes

Aconteceu o que poucos previam. O coronel Mauro Cid ficou calado no depoimento à Polícia Federal, ao contrário de Bolsonaro, que falou muito.

Está tentando ganhar tempo. Mas talvez não consiga sair da cadeia tão cedo.

E a CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou hoje a convocação do ajudante.

Na semana que vem teremos novidades.

Nem na ditadura

Nunca antes, nem na ditadura, o Brasil teve tantos jornalistas, humoristas, políticos, empresários e religiosos fascistas.

O sistema

Sergio Moro e Deltan Dallagnol se reuniram depois da cassação do mandato do ex-procurador, para tentar uma saída.
Na Lava-Jato, eles tramavam sem escrúpulos para criar armadilhas para os inimigos e chegar até Lula.
Agora, como políticos, tentam usar as mesmas artimanhas que condenavam no ‘sistema’ e deliram com a possiblidade de uma anistia a Dallagnol.
São dois caras antissistema dentro do sistema que não dominam. Mas ambos são amadores e simplórios demais para entender o sistema que vai comê-los. Comeu um e vai comer o outro.
Não é o sistema de Justiça que está se livrando deles, é o sistema político mesmo.
O sistema de Justiça só teve a chance que não imaginava ter e fez o serviço. O sistema, qualquer sistema, cobra caro.

Humor reacionário

Fábio Porchat defendendo piada com conteúdo racista e homofóbico, em nome da liberdade de expressão que ri até de crianças com deficiências.
É a mesma conversa das estruturas fascistas das plataformas na Internet.
As plataformas deixam racismo, violência e ódio soltos nas redes, mas censuram textos sobre o cinismo de suas posições, como esse aqui.
Não há diferença entre o que o humorista e as plataformas pensam.
Esse Porchat parece meio bobão. Ficou com a imagem do primo engraçado, mas o mais alienado do Porta dos Fundos.
O humor só disfarça seu reacionarismo. Ele tem muito dos tucanos que ficaram sem ninho com o fim do PSDB.

Inverno do fascismo

Um resumo possível dos personagens das últimas semanas e seus rolos, cada em seus núcleos e entrando e saindo de cena.
Mauro Cid e suas conversas com golpistas, Carluxo e suas rachadinhas, Michelle e seus dinheirinhos vivos, o Google e as plataformas da internet e suas estruturas a serviço da extrema direita, Bolsonaro e suas mentiras das vacinas fraudadas, Dallagnol e o fim do seu mandato fraudado de deputado, e Sergio Moro voltando ao núcleo principal, mas ainda com poucas falas e aparições, enquanto muita gente aparece ao longe, nas sombras, com ou sem fardas.
Essa semana, Dallagnol tomou o lugar de Cid, Carluxo, Google, Michelle e Bolsonaro.
Nos próximos dias, alguém vai tomar o lugar de Dallagnol.
O outono só está antecipando o que será o terrível inverno do fascismo.

 

 

Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Escreve também para os jornais Extra Classe, DCM e Brasil 247. É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim). Foi colunista e editor especial de Zero Hora

 

 

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