Construir Resistência

25 de abril de 2022

Bilionário compra Twitter para tentar derrotar Lula

O bilionário Elon Musk, considerado o homem mais rico do mundo, com um patrimônio avaliado em U$ 265 bilhões ( algo em torno de R$ 1 trilhão, 325 bilhões em moeda nativa) comprou o Twitter, fato que foi comemorado pelos bolsonaristas. Conforme notícia divulgada pela UOL, a companhia deixará de ter ações negociadas na bolsa para se tornar uma de capital fechado. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, se congratulou com o bilionário pelo Twitter. “Mais uma vez você está a dois passos na frente dos outros players e agora faz um gesto ao mundo e em defesa da liberdade”. O que quis dizer o bolsonarista com suas palavras. Que a candidatura de extrema direita do capitão reformado terá mais esta ferramenta para assacar contra seus adversários. Antes da compra, o (sic) presidente e seus filhos já tiveram mensagens apagadas ou com avisos pelas políticas de controle do Twitter, por difundirem desinformações e fake news. Em novembro último, o bilionário dono da SpaceX e daTesla, se encontrou com o ministro das Comunicações,Fábio Faria (PSD-RN), para firmar um acordo sobre o oferecimento de internet em áreas rurais, especialmente na Amazônia. O objetivo seria prover acesso às populações remotas e monitorar o desmatamento florestal. Alguém acredita? Os bolsonaristas se sentem incomodados por que o atual mandatário não apresenta muita evolução nas pesquisas de opinião pública sobre as eleições de outubro, onde é suplantado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se mantém na dianteira há mais de seis meses e o candidato da extrema direta apenas conseguiu agregar votos de Sérgio Moro, que desistiu da disputa. Não é segredo para ninguém que a extrema direita mundial teme a perda de um país estratégico como o Brasil para um candidato de esquerda (que ganhou adesão ao centro), como Lula e farão de tudo para impedir sua vitória, que já se vislumbra com o passar dos dias. Na eleição de 2018, o bolsonarismo contou com os trabalhos de Steve Bannon, o estrategista do ex-presidente norte-americano, Donald Trump, que esteve no Brasil para construir uma eficiente rede de fake news e desinformação que ajudou muito na eleição do presidente genocida. Mas, por ter disseminado ódio por todos os lugares onde atuou, inclusive nos EUA, Steve Bannon foi preso pelo FBI, por ter descumprido ordem do comitê legislativo norte-americano que investiga a invasão do Capitólio, logo após a derrota de Donald Trump para Joe Biden. Há suspeita que o estrategista virtual estivesse por trás dos lamentáveis episódios, que teve mortes e destruição. Está cumprindo um providencial “anonimato” para não ir novamente para detrás das grades. Apesar de ter um poderoso arsenal de redes sociais, disseminando inverdades, desinformação e fake news (notícias falsas) e assacando contra seus adversários através do chamado “gabinete do ódio”, mantido inclusive com  dinheiro público, o bolsonarismo teve importante perda de instrumentos com a revelação de que o aplicativo de mensagens Telegran operava clandestinamente no Brasil para o governo de extrema direita e passou a ser observado mais de perto pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), pois não apenas servia aos extremistas de direita, mas também  para divulgação de pedofilia, tráfico de drogas e armas. Era a rede preferida dos terroristas do Estado Islâmico. O Telegran chegou a ser bloqueado pelo STF e os seguidores do presidente extremista rosnaram reclamando da falta de liberdade de expressão (sic). Tudo indica que o bilionário Elon Musk. que era contra o distanciamento social (que classificou como atitude fascista ) e defendeu o uso da Cloroquina em plena pandemia de Covid-19 nos EUA (fazendo coro com o ex-presidente Donald Trump),  adquiriu o Twitter para tentar dar uma forcinha para o presidenciável que lhe parece mais palatável no Brasil. Como disse Musk em um evento recente: “Um bom sinal para saber se há liberdade de expressão é: alguém de quem você não gosta tem permissão para dizer algo que você não gosta? Se for esse o caso, então temos liberdade de expressão.” Alguma dúvida de quem ele estará a serviço no Brasil? Não se deve bobear com a extrema direita mundial, que tem dinheiro e poder para tentar mudar o rumo das eleições e de prejudicar governos democraticamente eleitos como a da ex-presidenta Dilma Rousseff. É bem possível que o Twitter se torne a ferramenta preferencial do bolsonarismo. Mas ela será suficiente para superar a popularidade do ex-presidente Lula, cujo carisma agrada em cheio os corações da população mais pobre e prejudicada pela política do genocida no poder, conforme mostram todas as pesquisas? A militância está com sangue nos olhos para derrotar Bolsonaro. Não será o Twitter que mudará esta situação.      

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Recado ao STF

Por Herval Barreto O STF está tomando tapa na cara. Bolsonaro bateu na cara de vocês, senhores ministros, de mão aberta para estalar, ao conceder a ‘graça’ ao deputado Daniel Silveira. Isso se chama humilhação. Só existe Bolsonaro presidente da República, porque vocês do STF permitiram. Vocês faltaram e falharam com o Brasil em dois  momentos cruciais. Lembram da frase do senador Romero Jucá?  Vai ser com o SUPREMO e com tudo? Pois é, vocês cruzaram os braços e assistiram de camarote a deposição da presidenta da República Dilma Roussef, sem que a mesma tivesse cometido crime de responsabilidade. Sabem por quê?  Porque vocês aderiram aos golpistas, ficaram do lado do golpe enfraquecendo a democracia. A outra omissão grave que vocês cometeram foi com a perseguição, condenação e prisão do Presidente Lula, sem sequer respeitar a ‘presunção de inocência’. Valeu a pena senhores ministros,  negar um simples habeas corpus para o Presidente LULA dar uma entrevista?. Vocês se intimidaram com o grito de um general! Lula e Dilma foram  massacrados e vocês ficaram olhando, o LULA foi impedido até de assumir um ministério no governo Dilma Roussef. Houve um acovardamento de vocês em todo o processo da  ‘Lava-jato’. O juiz ladrão Sérgio Moro, junto com  Deltan Dalagnol fizeram o que bem entenderam, sem serem importunados,  destruíram  empresas de construção civil e a reputação de muita gente. Não que aquelas pessoas fossem inocentes, mas o objetivo final da ‘Lava-jato’ era justamente impedir que o Lula fosse candidato à presidência da República. Não fosse a ação de Walter Delgate, o Lula poderia estar preso até hoje, e o juiz ladrão tido como herói Nacional. A nação brasileira deve muito a Walter Delgate, esse rapaz salvou o Brasil da completa escuridão, não fosse ele talvez não tivéssemos nem essa democracia capenga. Se vocês, senhores ministros, tivessem agido conforme a Constituição não teria havido a deposição da presidenta Dilma Roussef, nem a prisão do Lula. Portanto, não haveria Bolsonaro presidente da República. Até o TSE foi omisso no que lhe cabia, que era apurar os crimes eleitorais cometidos pela campanha de Bolsonaro/Mourão e cassar a chapa. Estamos à beira do caos, deixaram o monstro crescer e agora não conseguem mais controlar, isso tudo redundou nessa crise institucional. Dessa vez Bolsonaro concretamente desautorizou o cumprimento de suas atribuições nessa questão do Daniel Silveira concedendo um perdão, cujo nome técnico é “graça”. Tomem cuidado, vocês podem ser surpreendidos com um  ‘cabo e um soldado’ e com uma ordem de despejo.   Herval B. Barreto é cidadão brasileiro. Militante da causa Brasil

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Jara, Lenny Bruce e Vandré (El derecho de vivir)

Por Coca Trevisan  Vandré escapou, mas Victor Jara e Lenny Bruce não tiveram a mesma sorte, um foi assassinado por uma ditadura militar e o outro por dogmas hipócritas. Lenny Bruce foi um comediante norte-americano que fez grande sucesso na década de 50 e 60, mas seu humor “ácido” incomodou a sociedade de tal ordem que foi preso por obscenidade. Sim, isso mesmo, por obscenidades. Não resistiu à pressão e morreu, “dizem”, por overdose de entorpecentes em 1966. Bob Dylan (tinha que ser ele), canta em seu álbum de 1981, Shot of Love, “Lenny Bruce está morto…seguiu em frente e como aqueles que o mataram, se foi”. A lei matou o humorista por piadas que hoje em dia escutamos em qualquer stand up. Já o cantor chileno Victor Jara foi assassinado por Pinochet e seus capangas, quando os versos “terroristas” só queriam o “derecho de vivir em paz”. Sempre considerei Jara o Geraldo Vandré chileno, porém ao contrário do brasileiro, ficou nas marcas dos assassinos militares. Ambas composições e melodias possuem algo em comum, além do teor político e existencial. Na música Manifesto, Victor Jara diz que “não canto por cantar, nem por ter boa voz, canto porque o violão tem sentido e razão”, enquanto Vandré em Terra Plana diz que pediram para ele deixar de lado a tristeza e, mais, que era para cantar a felicidade, mas ele rebate “faço versos com clareza e é meu canto que me fez cantador”. É demais para as ditaduras militares…morte aos cantadores da justiça e da verdade. Lenny Bruce, julgado e condenado por suas piadas, teve perdão póstumo em 2003, mas nada apaga o horror hipócrita de uma sociedade que se considera democrática. Bob Dylan reinvindica “se eles o carimbaram e o rotularam como fazem com calças e camisas”, então entendemos seu suposto suicídio depois de ficar “doente porque ele não jogava pelas regras”. Bob Dylan, The Best. Mesmo assim, Bruce, um comediante, não aguentou às pressões e desistiu de seu direito de viver. Será que seguidores de mitos conhecem tais historias (verídicas)? Duvido. Não, não duvido, tenho certeza que não conhecem nem nunca ouviram falar de Victor Jara e Lenny Bruce, estão ocupados demais ouvindo Sérgio Reis ou assistindo BBB. Não imaginam o eco do terror no estádio Nacional na capital chilena sob comando de assassinos e torturadores da extrema radical direita. Aliás, alguns negam a violência até hoje, inclusive o holocausto. E assim Victor Jara nunca mais sentiu o agradável aroma do amor, do vinho e muito menos do direito de viver em paz. A escuridão das vozes abafadas e superadas pelo verdadeiro terror acabou com suas lutas por justiça. Total inversão de valores, quem canta o amor, a justiça, o direito de viver em paz é considerado terrorista enquanto esses assassinos são, são… Porém, são as vozes de Jara e Vandré que permitem, apesar das obscuridades, de nós, seres humanos, não perdermos a esperança nem nosso “derecho de vivir”. Charles Dickens dizia que por mais nebuloso que pareça o futuro, será um futuro desconhecido com esperanças ingênuas. Sim, ingênuas mas reais. Claro, para os sobreviventes. Mesmo assim, Jara e Bruce deixaram seus legados e Vandré se transformou num mártir…vivo… Os assassinos também vão morrer, como o general Newton Cruz, e, nós, humanos, vamos seguir cantando a canção, afinal “eu sempre quis ser contente, trazendo para toda gente vontade de se abraçar”(Vandré). Estamos aqui para lembrar as jornadas de cantores, escritores, artistas e todos aqueles mortos pelo poder insano. Queremos apenas o “derecho de vivir”, cantando versos com clareza e aplaudindo o poeta Bob Dylan declamando seus tiros de amor (Shot of Love).   Coca Trevisan é jornalista e escritor. Autor de Violências Culturais   Geraldo Vandré   Lenny Bruce Acesse o link para ouvir El derecho de vivir en paz com Victor Jara https://www.youtube.com/watch?v=XkXise2bHE0

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A delação das delações

Por Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay) “Quem conta um conto aumenta um ponto” (Ditado popular). Os jornais deste final de semana noticiam que vários delatores da finada Lava Jato estão querendo anular seus acordos, até para tentarem reaver o dinheiro que pagaram. Fui recentemente procurado por um desses arrependidos. Eu nunca trabalhei com delação, até por saber que Moro e o sua turma, Deltan e companhia, deturparam o instituto. Sempre denunciei tais abusos. Coloquei de maneira muito clara para o delator. Para que ele tivesse chance de rescindir o acordo, teria que dizer como foram as tratativas com os lavajatistas. Alguns pontos fundamentais: 1. Eles exigiam que falassem de alguém, sugeriam nomes? 2. Eles indicavam advogados que eram da confiança da República de Curitiba? 3. Eles prometiam a liberdade para quem delatasse? 4. Eles usavam a prisão como pressão? 5. Eles perguntavam se era possível envolver o Lula ou outro político proeminente na delação? 6. Eles sugeriam que, se fosse delatado alguém do Supremo ou do Superior Tribunal de Justiça, fariam um acordo melhor? 7. É possível afirmar que eles perseguiam parentes para pressionar investigados? 8. Algum familiar da República de Curitiba tinha prestígio no momento da delação 9. Os procuradores mantinham o juiz informado das tratativas? 10. O juiz tinha algum tipo de interferência na negociação? 11. Como foram negociados benefícios não previstos em lei? 12. A cláusula de desistência dos meios de impugnação que já tramitavam perante o Poder Judiciário era colocada pelo MPF como condição para celebração dos acordos? Esses pontos, entre outros, foram colocados como premissa para tentar a anulação. Na última madrugada, após sair do desfile na Sapucaí, fui ao bar Jobi e lá fui abordado por um empresário que me abraçou, chorando, e me disse que estava muito arrependido por ter feito delação. Falou que deveria ter me ouvido e que sentia remorso profundo. Recentemente, em São Paulo, em um restaurante, um ex-cliente me abordou para dizer que tinha vergonha de ter delatado amigos e até parentes. E me disse coisas impublicáveis. O interessante é que, nas duas noites nos camarotes da Sapucaí, fui abordado para fotos com, pelo menos, 40 estudantes e advogados e, impreterivelmente, todos exaltavam a nossa resistência aos abusos da trupe do lavajatismo. Penso que é chegada a hora de passar essa história a limpo. Vamos fazer a delação das delações. O Brasil agradece. Afinal, como ensina o mestre Mário Quintana: “O passado não reconhece o seu lugar, está sempre presente”.   Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay) é advogado criminalista Publicado originalmente no Estadão    

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Abril de golpes e revoluções

Por Sonia Castro Lopes Em nosso país o mês de abril é lembrado pelo malfadado golpe empresarial –militar que nos lançou num  período de 21 anos de ditadura. Os militares insistem em chamá-lo  “revolução” e passaram a comemorá-la no dia 31 de março para fugir ao dia da mentira. Sabemos que foi golpe o movimento militar deflagrado em primeiro de abril de 1964, dia chuvoso e triste em que as crianças ficaram sem aulas e nas ruas só se viam tanques de guerra com soldados que pareciam intimidar todos aqueles que insistiam em sair de casa, desobedecendo as ordens do comando militar. Num mesmo mês de abril, em 1974, portanto dez anos depois, dia 25, triunfava em Portugal a #Revoluçãodoscravos rompendo com o regime ditatorial que havia durado mais de quatro décadas – o regime salazarista. Restabelecia-se ali a liberdade democrática que promoveria transformações sociais em todo o país. Nesse dia, uma emissora de rádio portuguesa deu a senha para o início da revolução ao tocar a música #GrândolaVilaMorena, de Zeca Afonso, que fora proibida pela censura salazarista. De imediato, um levante militar depôs Marcelo Caetano colocando no poder o general Antonio de Spínola. Lá, os militares verdadeiramente revolucionários, foram representados pelos lendários capitães de abril enquanto a população agradecida saía às ruas distribuindo aos soldados a flor nacional: os cravos. E eram cravos vermelhos, da cor do sangue, da cor da luta que travavam contra o regime que os oprimiu por tanto tempo. Hoje comemoramos o aniversário desse movimento. Em 48 anos Portugal mudou bastante. Arrefeceram-se os arroubos socialistas de 74, mas governos progressistas contribuíram para que o país deixasse de ser o ‘patinho feio’ da Europa. Tornou-se um país moderno e, apelando para acordos e geringonças políticas, como lá eles nomeiam as coalizões partidárias, ainda conseguem se equilibrar numa estabilidade capaz de garantir um padrão de vida razoável aos seus habitantes e a um número avassalador de imigrantes – em sua maioria brasileiros – que para lá se dirigem. Em 2009 morei em Portugal por seis meses. No bairro conservador de classe média onde residi encontrei pessoas que ainda nutriam ódio ao regime implantado em 1974. Em geral eram idosos e fãs de Amália Rodrigues que, de certo modo, era reconhecida como simpática à causa salazarista. Pessoalmente, eu tinha de Amália a melhor das impressões por causa de minha avó portuguesa que a adorava e comprava todos os seus discos. Cresci ouvindo Amália. “Não sei, não sabe ninguém/Por que canto o fado/Neste tom magoado/De dor e de pranto/ (…) Foi Deus/Quem me pôs no peito/ Um rosário de penas/ Que vou desfiando/E choro a cantar…” No período em que morei em Lisboa ampliei meu repertório. Conheci Mariza, Ana Moura, Camané, Cuca Roseta, Carminho… Mas foi Carlos do Carmo quem me fisgou. Além do repertório tradicional e de uma voz belíssima, Carlos do Carmo não apenas se proclamava, mas era tido pelos mais antigos como ‘comunista’, palavra que muitos pronunciavam com cara de nojo. Ao saber disso, corri a comprar os CDs de Carlos do Carmo, que, infelizmente, nos deixou em janeiro do ano passado. A partir de então, passei a travar uma verdadeira guerra musical com os vizinhos ‘amalistas.’ Era um ‘Foi Deus’,  ‘Nem as paredes confesso’ pra lá; ‘Lisboa menina e moça’, ‘Por morrer uma andorinha’ pra cá… De facto, (para usar o português deles) não nos entendíamos. Bobagem! Quando estive no Museu do Fado (incrível!) me acabei com Amália e outros tantos fadistas que nem conhecia, mas passei a amar. Mas voltemos ao 25 de abril que hoje se comemora. E, como não poderia deixar de ser, minhas memórias são impregnadas de mementos musicais. Fico com dois para lembrar Portugal, do 25 de abril e dos amigos comunistas que lá deixei: Grândula Vila Morena, de Zeca Afonso e Fado Tropical, de Chico Buarque e Rui Guerra que, certamente, compuseram a canção nos idos dos 70 quando sonhavam com uma revolução parecida por aqui. Nossa revolução não veio. A ditadura caiu em 1985 e o que vimos foram acochambramentos políticos que, ao contrário da geringonça portuguesa, colocaram no poder liberais que se julgavam democratas. Vá lá que fossem, não nos convenceram. Tivemos nossa redenção em 2002 quando um operário chegou ao poder e seu partido, o dos trabalhadores, lá se manteve por mais de uma década. Como a história não é linear, mas feita de avanços e recuos, nossa democracia durou pouco. E hoje vivemos um verdadeiro pesadelo tendo à frente um capitão das trevas, incapaz, fascista e desumano. Que os capitães de abril portugueses, agora idosos ou já falecidos, possam nos inspirar para que superemos o horror que nós, seus ‘irmãozinhos’ dos trópicos estamos a viver. E que a festa volte a ser bonita, ó pá!   Vamos cantar e celebrar a revolução do Além Mar: https://www.youtube.com/watch?v=smn_4aSX4oM Grândola Vila Morena por Zeca Afonso   https://www.youtube.com/watch?v=3bmgWoWxr3w Fado Tropical com Chico Buarque e Carlos do Carmo   E viva Portugal!  

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Procura por título eleitoral entre jovens até 18 anos cresce 25,4%; Prazo vence dia 4 de maio

Por Tainá Andrade, Vinicius Doria e Isabel Dourado do Correio Brasiliense    Nós primeiros três meses de 2022, TSE registra um aumento de 25,4% na quantidade de jovens com menos de 18 anos que se alistaram para votar em outubro, em comparação a última eleição presidencial Isadora Luiza Ferreira de Souza tem 15 anos e, até dois meses atrás, vivia em Monsenhor Horta, distrito de Mariana, em Minas Gerais. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região tem 1.740 habitantes, na qual 889 são mulheres. A cidade é parte da história do Brasil, mas hoje não é a mais badalada do circuito histórico mineiro. Considerada área rural de Mariana, a maioria de seus moradores ganha a vida pela atividade agrícola. Foi nesse contexto que Isadora cresceu. A menina, que é apaixonada pelo estudo da história, quando soube que a lei permitia — mesmo sem os 16 anos completos — antecipar a retirada do título de eleitor, fez questão de realizar o processo. “Você está vendo que a história está se repetindo ao longo do tempo. Nós, jovens, somos os que podemos mudar, porque uma pessoa mais velha já tem a concepção de mundo feita. Desde que eu era mais nova, tinha interesse em ter a minha voz e fazer minhas próprias escolhas. Sempre fui uma criança que assistia ao jornal e gostava de acompanhar a política. Assim que descobri que poderia tirar o título, já quis. Falei com os meus pais e não pedi, só avisei que ia tirar. Meu pai me sugeriu tirar depois, mas eu expliquei que tento me conscientizar o máximo que posso e, por isso, fazia questão”, comentou. Decidida, Isadora foi com a mãe até o cartório eleitoral. “Ao mesmo tempo que tenho um pai machista, tenho uma mãe muito empoderada, que vai contra tudo isso. Então, desde o início, me apoiou e foi comigo tirar o título. Minha mãe me ensinou que não se deve votar nulo e branco, pelo fato de que foi muito difícil, principalmente para nós, mulheres, termos direito de tirar o voto direto”, explicou. Isadora detalhou a sensação que teve ao ter o documento em mãos. “Cresci como cidadã. Foi uma sensação incrível”, despontou. Isadora se informou pelo estudo, mas também foi estimulada pelas informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A campanha do órgão para estimular o alistamento de eleitores de 15 a 17 anos surtiu efeito. Só nos primeiros três meses deste ano, 1,1 milhão de adolescentes se cadastraram para participar do pleito de outubro. O número é bem maior que o registrado no primeiro trimestre de 2018, ano das últimas eleições presidenciais, quando 877 mil jovens procuraram a Justiça Eleitoral para garantir o direito de voto — um aumento de 25,4%. O prazo final para cadastramento na Justiça Eleitoral termina em 4 de maio. No mês passado, o TSE promoveu a Semana do Jovem Eleitor, para conscientizar o público da importância de participar do processo de escolha dos representantes. Somente em 24 e 25 de março foram emitidos mais de 90 mil títulos para quem tem menos de 18 anos. Artistas Cientistas políticos apontam outro fator para explicar o aumento do interesse dos jovens: a campanha do TSE ganhou a adesão espontânea de artistas e influenciadores digitais, como a cantora Anitta. Mais próximos do diálogo com essa parcela da sociedade, eles ajudaram a reforçar a mensagem da importância do voto para a solução dos problemas do país, em um ambiente democrático. Entre os jovens eleitores contabilizados pelo TSE está Anabel Almeida, 17 anos, estudante da unidade de ensino pública do Recanto das Emas. No último ano do ensino médio, ela diz que foi incentivada a tirar o título. “Acho importante os jovens fazerem esse movimento para contribuir com a democracia brasileira. Também fiz o título porque quero ajudar a tirar o Bolsonaro do poder. Se todos os adolescentes que eu conheço votassem contra ele, eu tenho certeza que já seria uma grande ajuda”, declarou. Débora Messenberg, socióloga e professora da Universidade de Brasília (UnB), observa que essa dificuldade inicial de incluir o jovem e fazer com que ele tenha iniciativa em relação à vida pública pode vir de um sentimento coletivo de desinteresse da sociedade à política institucional. Portanto, ela defende que o estímulo à educação política deve começar desde a infância, por uma perspectiva de ação coletiva. “Primeiro é preciso desmistificar que a política é algo ruim ou algo externo a nós e esclarecermos que a política a gente faz diariamente, seja percebendo isso, seja não percebendo. E, de outra forma, mostrar que é importante essa participação ativa na vida pública. Por isso, quanto mais cedo, melhor. Eu acredito que esteja com os jovens a perspectiva de mudança social, porque são eles que ainda trazem o espírito e o desejo da transformação”, complementou.     Texto publicado originalmente no link abaixo   https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2022/04/5002843-jovens-de-16-e-17-anos-correm-para-tirar-o-titulo-de-eleitor-prazo-e-dia-4.html

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