Construir Resistência

30 de setembro de 2021

O retrato do Brasil

Por Sonia Castro Lopes Apesar da ilustração, não vou falar do Véio da Havan. Já deram palco demais para quem representa o retrato fiel do Brasil de Bolsonaro. Grotesco, negacionista, cafona, criminoso. Apesar do aviso de comentaristas políticos e de alguns senadores de que a presença desse personagem burlesco na CPI seria um tiro no pé, o senador Renan Calheiros insistiu em convidá-lo a depor. Não deu outra.  A CPI da pandemia podia dormir sem essa. Não existe a menor possibilidade de interrupção do mandato do crápula genocida que habita o Planalto. Ele mesmo já declarou que não há nada tão ruim que não possa ficar pior, referindo-se ao próprio governo. Estarrecedor é o fato de que ainda possua um grupo significativo de apoiadores, seja por ignorância, seja por interesses econômicos ou eleitoreiros. Os boatos correm. Segundo algumas fontes haveria um acordo para que o capitão reformado desistisse da reeleição em troca de proteção aos filhos, todos implicados em crimes. Corre nas redes sociais a reprodução de um  twitter do deputado Paulo Pimenta a respeito de uma possível prisão de Carluxo, o 02, após os incidentes de 7 de setembro. Avisado por Temer, o mais recente articulador da república das bananas, Bozo teria ligado para o ministro Alexandre de Moraes e, aos prantos, implorado perdão pelos ataques ao STF em troca da liberdade do filhote. As fontes são confiáveis? Não sei dizer. A meu ver, tudo isso não passa de boataria. O execrável está em franca campanha para a reeleição e pelos últimos resultados apresentados pelo PoderData ele já teria alcançado 30% da intenção de votos, ficando atrás do favorito Lula em apenas dez pontos percentuais. Ora, isso a um ano das eleições é nada. Se os efeitos da pandemia forem contornados e o auxílio emergencial restabelecido, o panorama poderá ser alterado em favor do genocida. E não se iludam: se houver a polarização prevista, o quarto poder mais uma vez apostará no “menos pior”, diante da “falta de opção.” Vem chumbo grosso por aí. Com a máquina administrativa na mão, recursos financiados por empresários tipo ‘véio da Havan’, respaldo dos militares e o domínio das mídias digitais sob o tutorial de Steve Bannon, é possível que se repita o desastre de 2018. Naquela época já eram claras as opções fascistas, as inclinações criminosas dessa gente e, no entanto, lhes foi dado um voto de confiança porque o criminoso era o outro, condenado em duas instâncias e devidamente encarcerado para não atrapalhar o projeto comprado pela maioria da população influenciada pelas mídias hegemônicas. Além disso, o pessoal do “nem… nem…” insiste desesperadamente na busca de uma terceira via que restaure a “ordem democrática” e combata a corrupção. Vários nomes vêm sendo cotados, mas nenhum deles é mais forte que o do ex-juiz Sérgio Moro. Tanto que Mandetta e Dória que oscilam entre 3 e 5% nas pesquisas de opinião já se assanham à procura de apoio e de uma possível composição de chapa. O marreco de Maringá, apesar de todos os malfeitos, ainda povoa o imaginário das camadas médias e da elite como o ‘salvador da pátria’, o único com poder de  romper a polarização que assusta os que detestam o PT, mas hoje se encontram decepcionados com a extrema direita bolsonarista. Há um ano e meio, quando deixou o governo que ajudou a eleger, Moro foi absolvido pela mesma gente que batia panelas contra o capitão que começava a decepcioná-los. Jamais escondeu seus propósitos políticos. Anda dizendo por aí que aspira a uma cadeira no Senado, mas suas ambições são bem maiores. Enquanto Dória, Mandetta, Pacheco, Leite, Tebet são esperanças vagas para a concretização de uma terceira via que parece cada vez mais desidratada, Moro corre por fora. Atenção! Os leitores estão me achando pessimista? De fato, estou. Quem viveu num país que já foi a sexta economia mundial, mandou às universidades os filhos das classes desfavorecidas, saiu do mapa da fome e respirou ares democráticos, em último caso só me resta comprar uma passagem para o exterior e dar uma de Ciro. Com um francês precário, sobrou Lisboa, onde, inclusive, morei por alguns meses e tenho alguns amigos.  Após uma vida inteira de trabalho, acho que mereço um final tranquilo, longe de toda essa lambança.

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Um Dia di Veneta será a festa das crianças em situação de vulnerabilidade social

Por Tião Nicomedes Ela foi uma artista brilhante. Das artes plástica. Iluminadora. Produtora cultural. Modelo vivo. Construindo uma trupe… Fazendo escola. Cobrava dos órgãos públicos investimentos em #cultura, por mais apoio aos artistas autônomos, aos coletivos. De profissionais e amadores. Marina promoveu eventos, sendo o ingresso alimentos não perecíveis, que doava às famílias necessitadas da comunidade #Heliópolis, onde vivia. Partilhando também aos tantos artistas, que sofriam com o descaso durante a #pandemia do #coronavirus. Desassistidos. Descontemplados dos programas sociais e culturais. Por fim, ela vai se somar às incontáveis perdas de jovens talentosos. Promessas de futuro de um Brasil melhor, que o descaso dos governantes não poupou. Não souberam cuidar. E, os efeitos do pós #Covid-19 estão aí. Agora, são outras as #pandemias que o povo enfrenta: O vírus da depressão. Da desesperança. O pânico matando sonhos. Ceifando vidas. #MarinaVeneta é o nome artístico da menina que cresceu sem pai, aos cuidados da mãe. A preocupação dela sempre foi. um dia. poder retribuir à guerreira que lhe deu à luz. E que não media esforços…. Marina buscava através da arte e cultura. Inteligente, acreditava que um bom caminho seria a educação. Priorizava os estudos. O aprendizado. A troca de saberes. Queria ingressar na faculdade e, enfim, a oportunidade bateu à porta. A sua hora chegou. Porém, o destino, improvável, inimaginável, tragicamente se fez… Marina Veneta se foi. Mas, a sua história, sua trajetória e lição atravessará gerações. A jovem artista, de 27 anos, nos deixa um legado. Aliás, vários, com destaques para a causa da mulher; das vítimas de #violênciadomestica; a luta contra o #feminicidio;  contra o #assédio moral e físico; a #questãodegênero…. Seu olhar para as #pessoas em situação de rua, preocupação com os sem teto. Principalmente, chamando a nossa atenção ao cuidado com as crianças. Pedagoga nata, desenvolvia atividades lúdicas. Aspecto por que será sempre lembrada, especialmente no 12 de outubro. Um Dia di Veneta. Vem com a gente? Em #SãoPaulo, amigos próximos e mesmo quem não a conheceu pessoalmente, mas de ouvir falar, artistas e voluntariado se unem, aproveitando o feriado nacional, para criar: Um Dia di Veneta será a festa em celebração ao #DiadasCriancas em situação de vulnerabilidade social. Organizada pelo coletivo #grafiteirosdobem, por iniciativa do blog #Tiviu – Tv pop rua. com o apoio do #padrinhospelainsercaosocial, o Projeto #Garimpagi e o #ConstruirResistência. A festa, pensada para as crianças em situação de rua, barraca, albergue, ocupação, em vulnerabilidade social acontecerá nas ruas centrais da capital paulista. Muitos artistas de rua, mambembes e os coletivos de artistas estarão presente. Em meio aos preparativos, uma descoberta emocionante. intrigante: o salão de cabeleireiras. Literalmente, um salão de rua, na rua. Da rua pra rua. Montado por duas mulheres empreendedoras, advindas da reciclagem. Com muita criatividade, elas encontraram uma maneira de driblar a crise. Um jeito de não passar fome…. Mesmo desabrigadas e em meio a tantas dificuldades, dedicam o amor ao próximo. Batizado de #SalãoNelaine, o estúdio, em meio ao gramado no centro da cidade, somam-se ao coletivo e  propõem incluir ao evento “Um Dia de Veneta”, o “Dia de Beleza da Mulher”. E ganham reforço de maquiadoras e manicures. Surpreendentemente, Nelia e Elaine nos provocam a refletir sobre o significado da palavra ressignificar. Despertam a sensação de que ainda, vale a pena acreditar no ser humano. Resiliência. Superação. Empatia. Ressignificar nos faz lembrar que a vida é nosso maior presente.     Ajude a fazer esta festa melhor, doando através do PIX: 11 9 6085 3919 Quem preferir doar em materiais, precisamos: Material de desenho (lápis de cor, giz de cera, tintas em geral incluindo spray); Cartolinha, papel sulfite e caderno de desenho; Brinquedos, Roupas e calçados infantis; Material de higiene e beleza; Lanches e água. Local para doação: Rua Dom José de Barros, 337. República, SP (Tião Nicomedes). Voluntários serão bem-vindos. Sebastião Nicomedes de Oliveira é “poeta das ruas”. Autor da peça teatral Diário de um Carroceiro e do livro As Marvadas é artista popular. Ex-catador e ex-morador em situação de rua, integra o MIPR (Movimento Internacional de População em Situação de Rua).

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Paulo Freire: Presente!

Por Angela Bueno Não sei dizer quando em minha vida entrei em contato com a Teoria de #PauloFreire, mas sei os efeitos dessa teoria em minha vida. Perceber que a pobreza não era uma coisa natural e que o fato da pessoa ser analfabeta não a transformava em uma pessoa sem cultura escancarou minha forma de enxergar a vida das pessoas no mundo.  Ao entender que todo homem e mulher, que pelo seu trabalho transforma a natureza, é culto, me fez buscar responder a uma série de questões ligadas à desigualdade social e aos hoje, denominados, direitos humanos.  Essa mudança começou a se dar em minha vida na década de 1970, em contato com um Jesuíta conhecido como Padre Costinha. E se deu a partir de uma peça de teatro que ele,  em um grupo de jovens católicos que eu participava,  me  pôs em contato com o texto de #JoãoCabraldeMeloeNeto: Morte e Vida Severina. Para além dos meninos da peça, alguns paquerados por todas nós, o texto me tocou e me despertou para questões que até então não passavam pela minha cabeça. Ao encontro com Costinha devo a mudança de olhar para os oprimidos da terra. Esse piauiense querido se tornou um amigo desses que a vida nos presenteia. Tempos depois, já aluna do curso de serviço Social da #UFES,  líamos os livros de Paulo Freire, em espanhol. Eram proibidos pela ditadura militar que governou nosso país.  Muitos anos depois, já como professora do departamento de Serviço Social da UFES, fui uma das  professoras das disciplinas de  Metodologia de Serviço Social. Para minha alegria pude retomar o contato com os textos de Paulo Freire. Numa ocasião, fui perguntada por uma colega de departamento se eu tinha dimensão do efeito de minha disciplina na vida dos alunos. Falei que não, e ela me disse que eles gostavam muito. E completou: enquanto falamos de muitas coisas pesadas você vem com a Pedagogia da Esperança! Esse efeito  era, na verdade,  provocado pelo vigor do texto de Paulo Freire! Tempos depois, na reforma curricular, essa disciplina saiu do curriculum do curso… Em um congresso de Pedagogia em Vitória, ES, a principal mesa que abarrotou o auditório contava com a presença de Paulo Freire e da Nita, sua segunda mulher. Falando sobre as relações humanas, da ambiguidade, que comportam essas relações Paulo Freire falou, mais ou menos assim, da relação dele com  sua mulher, sentada ao seu lado na mesa: Tem dias, disse ele , que acordo e olho pra ela e me pergunto: porque estou casado com essa mulher? Noutros dias acordo e penso: essa é a mulher da minha vida! Não seria esse um retrato de todo casamento e de todas as relações afetivas que estabelecemos no decorrer da vida? Com a simplicidade que lhe é peculiar, escutei em sua fala um conceito que me é caro na teoria freudiana: a ambivalência emocional presente, de maneira inconsciente, nas relações afetivas entre as pessoas.  #Ambivalênciaemocional é a capacidade inconsciente que temos de amar e odiar a mesma pessoa ao mesmo tempo.  Quanto mais próxima é a relação afetiva mais o ódio, recalcado comparece. Por isso, o ditado popular de que se se conhece de fato uma pessoa depois de comermos um saco de sal com ela diz bem desse conceito. Depois de um tempo, já aposentada da UFES, passando férias numa praia no sul da #Bahia, fui jogar com o filho do jardineiro (12 anos) e percebi que ele não sabia ler. Conversei com o pai dele e fiquei sabendo que aquele menino alegre, inteligente, que sabia várias coisas sobre jardinagem, que era um dos trabalhos do seu pai, era considerado burro na escola. Ele estava no terceiro ano sem saber ler.   Conversei com seu pai e me propus a alfabetizá-lo. Sem  nenhum material didático apropriado e entendendo a urgência da situação lá fui eu atrás de uma cartilha!  Quer incoerência maior  que essa? Posso dizer que com Paulo Freire no coração e na cabeça e com uma cartilha na mão dei início na semana seguinte a nossas aulas. Pra minha grata surpresa meu aluno era super pontual e chegava de banho tomado, com sua melhor roupa e começamos nossa aventura! Íamos da cartilha pro mundo do menino. A aula seguia assim: Lia o texto e em seguida perguntava o que ele entendeu da leitura e íamos fazendo ligações com a vida e com a realidade de vida dele. Depois ele fazia alguns exercícios silábicos e brincávamos de formar outras palavras.  Tinha uma pausa para um lanche. Depois era a hora da  história que eu lia dentre os livros que tinha e que ele escolhia. Terminada a história ele  interpretava o texto e ligava com sua vida. Depois desenhava e pintava seus desenhos.  Aprendi muito com aquele menino.  Aprendi que ele entendia a palavra luta, como luta pela sobrevivência. Meu pai quando trabalha, me disse, luta pela sobrevivência. Fosse meu filho ou seus amigos iriam definir a palavra luta ligada ao  judô  e a outras artes marciais.  Aprendi que o que seu pai lhe ensinava era “ser gente boa”. E explicou: trabalhar, não pegar nada dos outros .., que ele aprendia com seu pai valores éticos e morais. Aprendi, principalmente, como a escola formal pode ser cruel ao taxar de burro um menino pobre, por desconsiderar o saber que ele porta.  No final do verão ele estava lendo, estava alfabetizado! Recebeu como prêmio de seu empenho, de sua vontade de aprender,um passeio em um borboletário que existia no lugar. Andamos de pedalinho no lago, almoçamos no restaurante. Foi um dia muito bom! No verão seguinte recebo a notícia que ela ia bem na escola e fora o melhor aluno de matemática da sala!   Viva o legado que Paulo Freire nos deixou! Imagem: Reprodução Ângela F.V.Bueno é psicanalista e ceramista. Nas décadas de1970- 80 trabalhou na Caritas Arquidiocesana de Vitória. Trabalhou também na Secretaria de Estado da Saúde- ES, contribuindo para a implantação do SUS em seu estado. É professora aposentada do departamento de Serviço Social

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Luta dos Metroviários impede a venda da sede do Sindicato

Da redação com imprensa do Sindicato dos Metroviários   Após muita luta e com amplo apoio na sociedade, a direção do Metrô teve que recuar e foi estabelecido um acordo que garante a suspensão da reintegração de posse e estabelece um novo contrato de concessão para a sede do Sindicato dos Metroviários Em reunião nessa quarta-feira (29/9) entre parlamentares e sindicalistas com o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) e o secretário de Projetos e Ações Estratégicas Rodrigo Maia (sem partido) foi estabelecido um acordo que garante a suspensão da reintegração de posse e estabelece um novo contrato de concessão para a sede do Sindicato dos Metroviários. Os parlamentares apresentaram a importância da manutenção da sede e chegaram ao acordo em que o governo do estado vai comprar o terreno do Metrô e fixar um contrato de concessão de longo prazo com o Sindicato. A reunião garantiu também a renovação do Acordo Coletivo por dois anos e a garantia da reposição da inflação, uma importante conquista dos trabalhadores que lutaram com muita força e unidade na Campanha Salarial. Essa é uma importante vitória dos metroviários que se mobilizaram e tiveram o apoio de diversos movimentos populares, Centrais Sindicais e parlamentares. Depois de meses de lutas, ações, atividades políticas e culturais e uma forte greve chegamos a essa conquista. Os Metroviários permanecerão alertas para que sejam cumpridos os compromissos com a suspensão imediata da reintegração de posse.    

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